Helicópteros e veículos blindados da polícia e das Forças Armadas abriram caminho na manhã deste domingo (28) para a ocupação do conjunto de favelas do Alemão. De acordo com o coronel Mário Sérgio Duarte, por volta das 10h a polícia já havia chegado ao topo do morro. O comando da PM ordenou que toda as casas da comunidade sejam vasculhadas. Há suspeitas de que os traficantes estejam fazendo alguns moradores de reféns.
"Agora é a hora da paciência de verificar casa por casa, beco por beco. Nós temos todas as suspeitas do mundo que há muita gente aí daqueles que fugiram (da Vila Cruzeiro). Eles, até o momento, não enfrentaram (a polícia). Preferiram fugir, o que não significa que não estão preparando uma armadilha para as nossas equipes. O trabalho mais difícil vem agora ",disse o coronel Mário Sérgio Duarte. "Nós vencemos. Trouxemos liberdade para o povo do Alemão".
Dez pessoas permanecem detidas em um ônibus da PM na esquina da Estrada do Itararé com a Rua Joaquim Queiroz, um dos acessos ao Morro da Grota. Um deles já tinha mandado de prisão por homicídio. Segundo o subchefe de Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, duas toneladas de maconha já foram apreendidas. A polícia já apreendeu também material de endolação de droga, além de fuzis, granadas e uma faca.
Logo após o início da ação, a Polícia Civil já havia tomado uma área central do Complexo do Alemão, conhecida como Areal, e outra área conhecida como Coqueiro. A informação foi confirmada pelo chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski. "Entramos por quatro pontos do complexo. O Alemão está cercado e outras tropas penetram por outras áreas".
Dois helicópteros da polícia sobrevoam o complexo, dando apoio aos homens que estão em terra. " Um helicóptero é de combate e um segundo filma as ações, apontando onde os traficantes onde estão escondidos. A maioria já se abrigou dentro das casas", afirmou o chefe de Polícia Civil.
Policiais estão em pontos estratégicos da favela e da cidade para evitar a fulga de traficantes. Enquanto homens da Polícia Civil entraram no Complexo do Alemão, soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) aguardaram do lado de fora para invadir o local em veículos blindados da Marinha, pilotados por Fuzileiros Navais, o que aconteceu por volta de 8h30m. Alguns soldados estão com o rosto pintado. Entre homens do Bope há atiradores de elite.
Uma van atravessada em uma das ruas de acesso a Grota impediu a entrada de um destes blindados da Marinha. Policiais tiveram que arrastar o veículo o para permitir o acesso das tropas. "A nossa ordem é manter a técnica. Faremos a invasão com cuidado, proteção e cautela. Nossa missão tem que ser executada. O trabalho é difícil", disse o comandante do Bope, coronel Paulo Henrique Moraes.
Apoio da população
De acordo com o delegado Marcus Vinicius, que trabalha no gabinete de crise montado pela polícia e foi um dos primeiros a chegar ao alto da favela, a população deve evitar sair ou entrar da favela. Ele ressaltou o apoio que as equipes estão recebendo dos moradores. "A ajuda é impressionante. Eles oferecem água e se mostram felizes com a nossa presença. Mas, por enquanto, é melhor não saírem de casa".
Apesar do risco de tiroteios, moradores acompanham a invasão pela janela das casas. O chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, pediu calma aos moradores do Alemão. " É para ter calma que a Polícia Civil tem muita experiência nesse tipo de ação. A gente consegue diferenciar o bandido do morador. É ter calma, a polícia está chegando", afirmou.
O titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), delegado Marcus Vinicius, um dos primeiros agentes a entrar no Complexo do Alemão, disse que houve pouca resistência de traficantes durante a tomada pela Polícia do território. "O ambiente está tranquilo. Preocupantemente tranquilo demais ", comentou.
Ele recomenda que moradores do complexo não tentem voltar a suas casas até o final da operação, e que a população das favelas tem apoiado a ação. Ainda de acordo com o policial civil, os agentes estão preparados para reagir a qualquer resistência de pessoas que sejam abordadas no local.
Entenda o caso
A operação em torno do Alemão foi iniciada após a fuga em massa de dezenas de homens armados para a comunidade em consequência da tomada na quinta-feira pela polícia, com ajuda de veículos blindados da Marinha e fuzileiros navais, da favela Vila Cruzeiro, outro reduto dos criminosos acusados de comandarem a onda de ataques a 100 veículos e alvos policiais na cidade.
Autoridades da área de segurança consideram as ações violentas desencadeadas na semana passada uma resposta à nova estratégia implementada na capital com as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), que provocou a saída de chefes do tráfico de favelas onde esse tipo de policiamento foi instaurado. Acuado e forçado a deixar algumas áreas da cidade, o crime organizado estaria reagindo.
A implantação das UPPs em 15 das centenas de favelas espalhadas pela cidade é considerada o maior avanço na área de segurança pública da capital fluminense nos últimos anos, e a medida foi inclusive citada pelo Comitê Olímpico Internacional como um exemplo de que a cidade será segura para a Olimpíada de 2016. O Rio também será palco central da Copa do Mundo de 2014.
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