sábado, 22 de maio de 2010

Por onde anda Ricardo Chaves do hit "É o bicho"?


O Carnaval da Bahia não é mais o mesmo. Nas comemorações dos 25 anos do axé, um de seus precursores, Ricardo Chaves, acredita que os blocos não têm a mesma importância de uma década atrás.


“Os foliões eram fieis, passavam o carnaval acompanhando o mesmo bloco. Hoje os blocos não têm alma. Poucos continuam com a mesma estética, como Chiclete com Banana e Asa de Águia”, avalia Chaves, em conversa com o EGO.

Do rock ao axé


Autor do hit “O bicho”, de 1992, Ricardo começou a carreira fazendo rock ‘n’ roll, no início dos anos 80. Tinha um estúdio em casa e, após uma noitada tocando músicas de carnaval com amigos, foi chamado para ser vocalista da banda Pinel, um dos embriões do axé. Cantava MPB e rock nacional com arranjos de carnaval. Os blocos já eram sucesso na Bahia e reuniam 1.500 pessoas. Mas Ricardo não estava satisfeito.


“Sou primo de Gal (Costa), tenho influencia de MPB e pretendia ir para o Rio tentar a vida como músico. Até que, em 85, o axé estourou. Nosso primeiro pop star foi Luís Caldas. O movimento dos blocos ganhou força. Fui contratado por uma gravadora e decidi ficar em Salvador”, conta.

De 1986 em diante, Ricardo fez parte de vários blocos, além de tocar sua carreira solo. Teve vários sucessos entre os cinco mais tocados na Bahia. Em cada carnaval, criava um hino em homenagem ao bloco que representava. Tocou no bloco Eva, junto com Daniela Mercury, que fazia os vocais femininos, e criou o hit “Eu vou no Eva”, com Durval Lelys.

“Em 88, fui o primeiro a gravar a música ‘Eva’, do Rádio Taxi. Também gravei o jingle ‘We are the world of carnaval’, criado por Nizan Guanaes.”

Em 92, Ricardo estourou com “O bicho”, feito para o bloco Crocodilo, e passou a capitanear os carnavais fora de época que estouraram em todo o país. “Nunca deixei de ser artista de trio elétrico. Fascina mais do que o palco, por conta do imprevisto. O show no palco é mais previsível, ensaiadinho.”

O desgaste do gênero

Nos anos 2000, após uma década de overdose, o axé se desgastou. “Não é culpa da música baiana, é culpa da velocidade com que as coisas acontecem. Hoje em dia os artistas têm prazo de validade. Ainda assim, tem sempre alguém representando a música baiana. A Ivete, por exemplo, sempre toca músicas de outros artistas em seus shows.”


Além da superexposição, Ricardo também culpa o mau uso do rótulo axé music. “Toda música vinda da Bahia virou axé. Coisas diferentes foram colocadas no mesmo bolo. O É o Tchan, por exemplo, fazia um trabalho bem diferente do que fazíamos eu, Daniela Mercury e Chiclete com Banana. Não tenho nada contra o Tchan, achava ótimo. Mas no seu rastro vieram muitas aberrações que ajudaram a desgastar o axé.”

Mais 25 anos de alegria, promete Chaves

Para o Carnaval deste ano, Ricardo preparou um DVD, que foi gravado em dezembro, no Carnatal. “Quero mostrar o que é uma micareta de verdade, feita na rua, e não em terrenos fechados, como acontece muito no Rio e em São Paulo”. No mesmo disco, Ricardo também canta acompanhado de orquestra de câmara e com participações de Gal Costa, Margareth Menezes e outros artistas.


“As pessoas sempre me perguntaram quando o axé iria acabar. Agora ele completa 25 anos, e a intenção é deixar as pessoas alegres por mais 25”, diz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário