domingo, 30 de maio de 2010

Entrevista de Beyoncé para a REUTERS


REUTERS
Por Gail Mitchell

LOS ANGELES (Billboard) - Beyoncé talvez seja a mulher que mais trabalha no show business.


Nos quatro dias que antecederam o recente MTV Video Music Awards, por exemplo, ela encerra um ensaio geral de sua apresentação no Radio City Music Hall à meia-noite da quinta-feira. Às 10h da manhã da sexta, está de volta aos ensaios. Uma pausa em seu camarim não significa descanso: ela conversa com o pessoal da MTV sobre logística e faz uma sessão de edição de seu próximo projeto - um DVD com as imagens de um show que fez no verão no Wynn Las Vegas.

Na noite da mesma sexta, 11 de setembro, Beyoncé aparece de surpresa no show de seu marido Jay-Z no Madison Square Garden. E no dia 13, logo após o VMA, ela embarca para a Austrália para começar o trecho seguinte da turnê mundial que está fazendo para promover seu último álbum líder nas paradas, "I Am ... Sasha Fierce".


"É uma daquelas semanas carregadas", diz Beyoncé, como se não fosse nada demais.


PERGUNTA-Uma pessoa comum não consegue acompanhar seu ritmo de trabalho. Como você dá conta de tudo?


RESPOSTA-Sou uma mulher do tipo tudo ou nada. Ou não estou fazendo nada, só relaxando, lendo um livro, sentada olhando o mar e sem responder pergunta alguma, ou estou trabalhando 100 por cento, realmente dando tudo de mim.


Acabei de passar três semanas de férias, depois de dois meses em turnê. Tenho que reservar tempo para descansar, rejuvenescer e me inspirar para trabalhar de novo. Agora estou descansada, e graças a Deus que tive esse descanso, senão não conseguiria passar por uma semana como esta.


P- O que você faz para manter seu pique? Ouvi dizer que você corre na esteira de salto alto e cantando.


R-(rindo muito) Não corro na esteira de salto alto, isso seria um pouco radical. Mas ensaio minhas coreografias de salto, sim. E tenho uma regra: quando eu estou de salto, todo o mundo também precisa estar. Às vezes os dançarinos dizem algo tipo "tomara que a Beyoncé atrase", porque quando começo eu continuo o dia inteiro. No fim do dia estou com bolhas nos pés. Às vezes é realmente difícil. Também faço todas aquelas coisas chatas que todo o mundo faz nas sessões de ginástica normais, tipo agachamentos e esteira. Mas fico em forma especialmente por fazer as coreografias naqueles ensaios longos de 12 horas seguidas, durante dois meses antes de cada turnê.

Nos dias de descanso durante a turnê, faço muito turismo. Adoro visitar igrejas e museus em todo o mundo. A arquitetura nos EUA é belíssima, mas na Europa há muita história para ver. E, nos meus dias de folga, comecei a andar de bicicleta com pessoas tipo minha assistente e meu maquiador. É legal que consigo andar por aí de bike. As pessoas me vêem, mas, já que estou de bicicleta, pensam "não deve ser ela." Quando percebem que sou eu, sim, eu já estou longe. É ótimo fazer algo normal todos os dias, isso me mantêm com os pés no chão.


P-Você se surpreendeu com a popularidade enorme do vídeo do single "Ladies (Put a Ring On It)"?


R-De todos meus vídeos, esse foi o que custou menos e levou menos tempo para fazer. E acabou virando ícone. Eu não esperava isso, acho que ninguém esperava. Mas eu sabia exatamente o que queria fazer: conservar a simplicidade. Já fiz tantas coisas em vídeos, com mudanças de cabelo e trocas de figurino, iluminação, etc. Desta vez eu queria conservar tudo no mínimo.

Eu tinha visto um vídeo de 1969 (com Gwen Verdon), um take de uma coreografia linda do Bob Fosse contra um fundo branco. Pensei: "Uau, apesar de toda a tecnologia que a gente tem hoje, seria legal reduzir tudo ao mínimo - sem mudanças de tomadas e cortes de câmera, sem trocas de roupa e cabelo - e focar a performance." Tivemos exatamente 12 horas para rodar aquele vídeo.

P-Você trabalha o mesmo tanto como empreendedora. Isso vem desde que você começou a trabalhar com a L'Oreal.

R-Trabalho com a L'Oreal desde os 18 anos, e o relacionamento ainda é ótimo. Com a grife de roupas que abri com minha mãe (Tina Knowles), ainda garanto que a grife seja fiel ao que eu gosto e ao que acho que minhas fãs vão gostar. É muito importante deixar tudo ao alcance dos bolsos delas. E, nos meus concertos, oferecemos lugares por 10 dólares, para que mesmo quem não tenha muito dinheiro possa assistir.


P-Você já sabe qual será seu próximo trabalho como atriz?


R-Fiz dois filmes no ano passado; foi difícil, porque eu já estava com o álbum e a turnê. No momento estou em turnê e estarei até março, sem falar em ir e vir para participar de algumas das cerimônias de premiação. Então algo pode acontecer no ano que vem, depois da turnê. Já me mandaram muitos roteiros, e de todos há uns dez que são muito bons. Então vou ter que escolher aquele que eu gostar muito mesmo.

Todo o trabalho que fiz nos meus filmes deu resultado, porque o tipo de roteiro que estou recebendo agora mudou por completo. Eu sempre quis fazer algo mais soturno e mais dramático, porque sou melhor com drama que com qualquer outra coisa. Acho que ninguém sabia disso até eu representar Etta James. E depois fiz aquele outro filme, "Obsessed". Foi muito divertido, especialmente as cenas de luta. Adorei fazer aquelas cenas.

Não estou com pressa nessa área, porque para mim atuar é diversão. É algo que faço porque curto, não porque eu precise. Então vou ter paciência e encontrar o filme certo no qual trabalhar no ano que vem ou quando der certo.

P-O que mais está na sua lista de coisa a fazer?


R-Me interesso por muitas coisas diferentes. Eu gostaria de trabalhar com videogames, porque adoro o Wii Fit. Acho que seria uma ótima ideia incorporar coreografias, porque para mim malhar é bem mais divertido quando envolve dançar, em vez de apenas aquela coisa chata de ficar correndo na esteira. Acho que muitas mulheres curtiriam isso.

Também quero continuar a produzir filmes, mesmo que eu não atue neles, além de um documentário sobre minha vida. Na verdade, eu gostaria de fazer um filme mais ou menos baseado na infância de meu pai (Matthew Knowles). Ele teve uma vida interessante. Mas isso provavelmente só vai acontecer daqui a dois ou três anos.

P-Não podemos encerrar esta entrevista sem uma última pergunta: existe alguma base de verdade no boato sobre uma turnê e/ou álbum de reencontro do Destiny's Child?

R-Não sei se faremos outro disco no futuro próximo. E não falamos em turnê. Isso é simplesmente algo que a mídia vem aventando. Se as pessoas continuarem a falar disso, quem sabe a gente faça. Mas a qualquer momento em que as garotas precisarem de mim ou que eu precise delas, estaremos à disposição.

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