domingo, 23 de maio de 2010
Lost:Jorge Garcia escreve carta de despedida
Se para os fãs se despedir de Lost se divide entre alívio e saudade, para os atores da série, os sentimentos são ainda mais intensos. Uma prova disso é carta escrita por Jorge Garcia para a revista americana Variety, em que narra um pouco do período que dedicou a série.
As 5h da manhã do dia 25 de abril, eu fiquei desempregado.
Eu tinha acabado de terminar minha participação na sexta temporada de Lost. O emprego foi além de qualquer coisa que eu pudesse ter imaginado.
Quando eu fiz um teste para o elenco de Lost, eu era apenas mais um ator tentando conseguir um papel em um piloto. Quando encontrei os produtores pela primeira vez, não havia nenhum material para mim, exceto algumas coisas relacionadas a Sawyer.
Me senti otimista com relação a audição, tão bem que de fato, conseguir o papel não era tão importante, por que eu sabia que não poderia ter feito de um jeito melhor. Então, eu recebi uma ligação dizendo que seria testado e que iam escrever cenas especificamente para mim. Eu lembro de ter percebido que eu era o único Hurley esperando na sala de testes. Eu liguei para meu agente do estacionamento e disse: “Eu não sei o que isso significa mas eu acho que é uma coisa boa”.
Quando fui contratado, não tinha lido o roteiro do piloto. Tudo o que eu sabia era que era de J.J Abrams e que seria gravado no Havaí. Eu percebi que teria no mínimo umas férias havaianas.
Mudar para o Havaí era como um sonho se tornando realidade. Quando eu trabalhei em uma banca, de jornal lembro de ter visto uma foto de Kelsey Grammer em sua casa havaiana na capa da Architectural Digest e pensei que ter uma casa lá era uma boa medida de sucesso. Nem dois meses depois, eu estava em meu apartamento tentando descobrir como levar todas minhas coisas para uma série que eu não tinha ideia se iria durar. Agora, seis anos depois, eu ando pela minha casa e tento imaginar como levar todas minhas coisas do Havaí, agora que o show acabou.
Durante o piloto, no primeiro verão de gravações, logo nós demos bem como elenco. Afinal, tal como na série, nós literalmente nos vimos numa ilha uns com os outros. Íamos a suas casas no fins de semana e a noite quando não estávamos filmando. Quando começou a passar na tevê, nos reuníamos na casa do personagem da semana, como um jeito de parabenizar o escolhido.
Não tínhamos nenhuma informação além das que líamos no roteiro da semana. Sabíamos que estávamos fazendo algo diferente de tudo que já havia sido mostrado na tevê e com os dedos cruzados, torcendo para que a audiência gostasse do que estávamos fazendo.
A premiere da série trouxe números melhores do que havíamos antecipado e eu lembro de dizer para outro ator naquele dia: “Espero que você goste do Havaí, por que parece que vamos ficar por aqui por um tempo.”
Conforme a temporada progrediu, o reconhecimento na rua se tornou espontâneo. Houve períodos durante a primeira temporada em que tudo o que eu precisava fazer para não ser reconhecido era prender o cabelo. Obviamente que isso agora não adianta de nada, e nem usar um chapéu ou óculos escuros. Alguma vezes tanto Daniel Dae Kim como Terry O’Quinn riam de como conseguiam se esconder, enquanto eu era o único a ser reconhecido.
O Havaí tem sido um lugar maravilhoso para se esconder nesses seis anos. Algumas vezes eu quase consegui me convencer de que Lost era uma série pequena que eu fiz com uns amigos na selva. Eu sempre gostei de pensar em nós como personagens de “Sonhos de uma noite de verão” até que algo mudou essa fantasia e precisei reconhecer o quão grande o show estava se tornando, com indicações ao Globo de Ouro. J.J queria que minha primeira experiência em prêmios fosse agradável e fácil, então me deu meu primeiro terno customizado.
Eu acho que o tempo que passamos junto com o elenco vai ser o que mais vai me fazer falta. Cantamos músicas com Terry e Naveen tocando violão, fizemos esforços significativos apenas para completar uma edição de palavras cruzadas do New York Times e jogamos muito Scrabble.
Meu ultimo dia em Lost foi também o mais longo: 20 horas. Sem entrar em detalhes, eu posso dizer que a gravação foi perigosa, física e molhada. Mas poderia ser mais apropriada? De que outra forma o final de uma série épica poderia ser feito senão com uma maratona de gravação? No fim das contas todos percebemos que esperávamos que tudo fosse mais emocional para nós, mas estávamos cansados demais até mesmo para chorar.
Eu admito que fiquei meio choroso com Matthew Fox. Eu agradeci tudo o que ele me ensinou, incluindo me levar para o Japão para ver o Green Day durante o primeiro verão de gravações. Na época, voar de última hora para um país estrangeiro era algo fora da minha zona de conforto, mas depois nada relacionado a Lost pertencia a minha zona de conforto.
Eu aguardei até depois das últimas cenas de toda a série. Eu pude sentir a resistência do diretor Jack Bender em encerrar aquele último take. Pra falar a verdade, eu tenho certeza que ele pediu um take a mais apenas para adiar o inevitável.
Eu acho que o final de Lost ainda não me atingiu por completo. Talvez eu me sinta assim quando o final for ao ar no domingo. Ou talvez quando eu entrar no avião no aeroporto de Honolulu para a última viagem.
Não faço ideia de como minha próxima aventura vai ser, apenas sei que vai ser difícil de comparar com essa.
Se para os fãs se despedir de Lost se divide entre alívio e saudade, para os atores da série, os sentimentos são ainda mais intensos. Uma prova disso é carta escrita por Jorge Garcia para a revista americana Variety, em que narra um pouco do período que dedicou a série.
As 5h da manhã do dia 25 de abril, eu fiquei desempregado.
Eu tinha acabado de terminar minha participação na sexta temporada de Lost. O emprego foi além de qualquer coisa que eu pudesse ter imaginado.
Quando eu fiz um teste para o elenco de Lost, eu era apenas mais um ator tentando conseguir um papel em um piloto. Quando encontrei os produtores pela primeira vez, não havia nenhum material para mim, exceto algumas coisas relacionadas a Sawyer.
Me senti otimista com relação a audição, tão bem que de fato, conseguir o papel não era tão importante, por que eu sabia que não poderia ter feito de um jeito melhor. Então, eu recebi uma ligação dizendo que seria testado e que iam escrever cenas especificamente para mim. Eu lembro de ter percebido que eu era o único Hurley esperando na sala de testes. Eu liguei para meu agente do estacionamento e disse: “Eu não sei o que isso significa mas eu acho que é uma coisa boa”.
Quando fui contratado, não tinha lido o roteiro do piloto. Tudo o que eu sabia era que era de J.J Abrams e que seria gravado no Havaí. Eu percebi que teria no mínimo umas férias havaianas.
Mudar para o Havaí era como um sonho se tornando realidade. Quando eu trabalhei em uma banca, de jornal lembro de ter visto uma foto de Kelsey Grammer em sua casa havaiana na capa da Architectural Digest e pensei que ter uma casa lá era uma boa medida de sucesso. Nem dois meses depois, eu estava em meu apartamento tentando descobrir como levar todas minhas coisas para uma série que eu não tinha ideia se iria durar. Agora, seis anos depois, eu ando pela minha casa e tento imaginar como levar todas minhas coisas do Havaí, agora que o show acabou.
Durante o piloto, no primeiro verão de gravações, logo nós demos bem como elenco. Afinal, tal como na série, nós literalmente nos vimos numa ilha uns com os outros. Íamos a suas casas no fins de semana e a noite quando não estávamos filmando. Quando começou a passar na tevê, nos reuníamos na casa do personagem da semana, como um jeito de parabenizar o escolhido.
Não tínhamos nenhuma informação além das que líamos no roteiro da semana. Sabíamos que estávamos fazendo algo diferente de tudo que já havia sido mostrado na tevê e com os dedos cruzados, torcendo para que a audiência gostasse do que estávamos fazendo.
A premiere da série trouxe números melhores do que havíamos antecipado e eu lembro de dizer para outro ator naquele dia: “Espero que você goste do Havaí, por que parece que vamos ficar por aqui por um tempo.”
Conforme a temporada progrediu, o reconhecimento na rua se tornou espontâneo. Houve períodos durante a primeira temporada em que tudo o que eu precisava fazer para não ser reconhecido era prender o cabelo. Obviamente que isso agora não adianta de nada, e nem usar um chapéu ou óculos escuros. Alguma vezes tanto Daniel Dae Kim como Terry O’Quinn riam de como conseguiam se esconder, enquanto eu era o único a ser reconhecido.
O Havaí tem sido um lugar maravilhoso para se esconder nesses seis anos. Algumas vezes eu quase consegui me convencer de que Lost era uma série pequena que eu fiz com uns amigos na selva. Eu sempre gostei de pensar em nós como personagens de “Sonhos de uma noite de verão” até que algo mudou essa fantasia e precisei reconhecer o quão grande o show estava se tornando, com indicações ao Globo de Ouro. J.J queria que minha primeira experiência em prêmios fosse agradável e fácil, então me deu meu primeiro terno customizado.
Eu acho que o tempo que passamos junto com o elenco vai ser o que mais vai me fazer falta. Cantamos músicas com Terry e Naveen tocando violão, fizemos esforços significativos apenas para completar uma edição de palavras cruzadas do New York Times e jogamos muito Scrabble.
Meu ultimo dia em Lost foi também o mais longo: 20 horas. Sem entrar em detalhes, eu posso dizer que a gravação foi perigosa, física e molhada. Mas poderia ser mais apropriada? De que outra forma o final de uma série épica poderia ser feito senão com uma maratona de gravação? No fim das contas todos percebemos que esperávamos que tudo fosse mais emocional para nós, mas estávamos cansados demais até mesmo para chorar.
Eu admito que fiquei meio choroso com Matthew Fox. Eu agradeci tudo o que ele me ensinou, incluindo me levar para o Japão para ver o Green Day durante o primeiro verão de gravações. Na época, voar de última hora para um país estrangeiro era algo fora da minha zona de conforto, mas depois nada relacionado a Lost pertencia a minha zona de conforto.
Eu aguardei até depois das últimas cenas de toda a série. Eu pude sentir a resistência do diretor Jack Bender em encerrar aquele último take. Pra falar a verdade, eu tenho certeza que ele pediu um take a mais apenas para adiar o inevitável.
Eu acho que o final de Lost ainda não me atingiu por completo. Talvez eu me sinta assim quando o final for ao ar no domingo. Ou talvez quando eu entrar no avião no aeroporto de Honolulu para a última viagem.
Não faço ideia de como minha próxima aventura vai ser, apenas sei que vai ser difícil de comparar com essa.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário