sexta-feira, 28 de maio de 2010
Entrevista com Fátima Bernardes
Rio de Janeiro, sensação térmica de 40 graus e mosquitos reinando na manhã em que Fátima Bernardes fotografava no aprazível Jardim Botânico. Quem a visse naquele momento, plácida e com o mesmo sorriso admirado por 40 milhões de telespectadores, juraria que ela estava dentro de uma invisível redoma de ar-condicionado a 22 graus de temperatura. Em um de seus lugares favoritos, a apresentadora do Jornal Nacional cumprimentava a todos e atendia ao pedido de alguns visitantes que, surpresos de vê-la ao vivo, pediam para registrar o momento em suas câmeras. Simples, sem frescura e com o horário contadíssimo para chegar à Rede Globo, ela preferiu trocar de roupa para as fotos no banheiro mais próximo do cenário escolhido, embora tivesse um espaço reservado pela produção no casarão onde fica a sede administrativa. Entre uma troca e outra, Fátima revelou um lado engraçado, desconhecido do público: brincou queixando-se do tamanho dos quadris enquanto experimentava um vestido de crochê. "Olha para isso...Papai do Céu podia ter me dado menos culotes. Eles podiam ser menores ou não existir", riu. "Dava para tirar dois bifões." Bobagem para quem tem uma forma privilegiada aos 46 anos. Alimentação regrada, cuidados com a pele e uma aplicaçãozinha de botox anual na testa, para suavizar as rugas de expressão ajudam a manter a forma. E, acreditem, ela nunca precisou pintar o cabelo por causa dos fios brancos. "Não é uma bênção?", indaga. "Tenho alguns fios, mas são tão misturados que não preciso pintar. Acha que vou reclamar com Papai do Céu? Então, deixa o bifão aqui no quadril!"
Fátima é dona de uma credibilidade inquestionável e de uma carreira invejável. Casada há 19 anos com o editor e apresentador William Bonner, com quem há dez divide a bancada do telejornal de maior prestígio do País, o Jornal Nacional, é mãe dedicadíssima. Cuida em detalhes da criação dos trigêmeos Laura, Beatriz e Vinícius, de 11 anos. Alto-astral e bem-humorada, ela credita seu sucesso pessoal e profissional ao fato de encarar a vida com simplicidade. "Sou de bem com a minha vida", resume.
Para equilibrar a rotina de dona-de-casa e jornalista, ela começa cedo. Acorda às 6h30, toma café da manhã com William e os filhos, lê os jornais e recebe as notícias do dia por celular. Mantém a forma com sessões de ginástica três vezes por semana e faz aulas de espanhol e francês. E, claro, leva as crianças ao colégio e as meninas ao balé. Qual o segredo para administrar tantas coisas e ainda aparecer linda e bem-disposta na bancada do JN? Muita disciplina. "Eu sou muito militar, quase um generalzinho", assume.
''Eu planejo demais,William detesta. A gente tenta equilibrar.Tem horas que deixo que ele me surpreenda''
No casamento, embora divida as tarefas com Bonner, é ela quem gosta de planejar tudo. Do fim de semana às férias da família. "Eu planejo demais, ele detesta. A gente tenta equilibrar. Tem horas que deixo que ele me surpreenda", ensina ela.
Você é tida como exemplo para muitas mulheres. Essa imagem pesa?
Não. Felizmente tenho um casamento ótimo. Cheguei a um lugar que é muito visto e cobiçado. As pessoas me veem na tevê e imaginam que a gente tem vida de comercial de margarina. Ninguém imagina que já acordei de madrugada por causa da febre do meu filho, que tive que esperar amanhecer para levá-lo ao hospital, que fui trabalhar com olheira e o cabelo estava um horror. Há momentos em que as coisas não funcionam, mas o público não vê.
Gosta de manter sua privacidade preservada?
Não fumo, não bebo, não sou de sair à noite, tenho um casamento estável, que não me permite estar em outros lugares e suscitar fofocas. A criatura já é complicada... (risos). A preservação maior é com as crianças. Até acho bonitinho quando saem na revista. Não sou Michael Jackson, mas nunca marco fotos com eles.
Qual é a receita para conciliar o cargo de editora-executiva do JN, apresentadora, mãe de trigêmeos e casamento?
Nós, mulheres, somos multifuncionais. A receita é disciplina, horário, rotina. Sou muito militar, quase um generalzinho.
Como qualquer casal, devem ter discussões domésticas. Já apresentaram o JN brigados?
Nunca. Temos divergências, mas nada que mereça uma briga. Não consigo ter uma discussão, dormir e ainda chegar às duas da tarde brigada. Nunca fiquei sem falar com ele.
Essa harmonia é por serem parecidos?
Não, por sermos muito diferentes. E por respeitarmos essa diferença. O William é mais tímido, eu sou muito mais extrovertida, eu planejo demais, ele detesta planejar. A gente tenta equilibrar. Tem horas que deixo que ele me surpreenda.
O William é um homem bonito. Como lida com o assédio a ele?
Ele tem muitas fãs. Mas nunca tive problema. Ninguém fica com ninguém porque o outro é ciumento. A pessoa fica se quiser, pode ter o ciúme que for que não dá certo.
Você perdoaria uma traição?
Acho tão difícil falar sobre isso. Penso que os dois teriam que conversar e discutir por que a traição aconteceu, se achassem que iria valer a pena perdoar. Acredito que as pessoas são capazes de se reconciliar depois de uma traição. Se o que foi positivo durante muitos anos valer a pena ainda, por que não?Acredita que, por ser casada, mãe de três filhos, sua imagem intimida?
Acho que sim. As pessoas sabem que sou casada, tenho uma família estabelecida. Isso faz com que as investidas sejam desestimuladas.
Vocês estão completando 19 anos juntos. Qual é a receita para manter um casamento tão longo e ainda trabalhando juntos?
O fato de trabalhar junto não é tão próximo quanto as pessoas supõem que seja. Cada um tem atividades muito diferentes. Mas a receita é: ter amor e respeito. Tem que ter uma coisa que acho que segura muito a nossa relação: admiração. Não só por ele profissionalmente, como eu tenho, mas uma admiração pelo homem. E eu sinto o mesmo. Sei que ele admira o meu trabalho, a maneira como me comporto. Isso é uma coisa que equilibra. E também não acumular. A criação dos fantasmas é que vai gerando as dificuldades.
Como estimulam a relação?
De várias formas: chegar com uma surpresa, botar uma roupa. Ir jantar num restaurante diferente, dormir no Copacabana Palace no aniversário de casamento. A gente gosta de fazer coisas juntos, escolher um CD, um DVD e continuar tendo prazer em coisas pequenas: o William me ensinar uma coisa nova no computador. Quando vou para Itaipava, vou para a cozinha e faço alguma coisa diferente. Fazemos programas só os dois.
Sexo é importante para você numa relação?
Com certeza, o sexo é importante. É uma coisa que pressupõe. Se você não está bem com seu parceiro, o resto todo vai ter menos importância. Ele tem uma parcela fundamental, mas tem o outro lado que tem que ser muito complementar. Estar casada também não é só o sexo. Pode ser um parceiro excelente, mas não um marido de um casamento de 19 anos.
O William é romântico?
É, muito. De fazer surpresas. Coisas simples, como, por exemplo, quando a gente acabou a construção da casa em Itaipava, ele colocou uma música simbólica para a gente. Gosta de dar presentes fora de data. Outro dia, me deu uma camisa do Vasco, porque sabia que eu não tinha. Mas me deu um pouquinho antes dessa fase terrível do time (risos).
Você passa uma imagem de austeridade. Como é a Fátima como mulher?
Você se acha uma mulher ousada? Não. Sou mais para medrosa do que para ousada. Acho que sou uma mulher batalhadora. Sou pau para toda obra. Não tenho medo de trabalho, estou sempre disposta, sou bem-humorada. Sou de bem com a minha vida. Sou ansiosa, esse é o lado ruim.
Tem rompantes consumistas ou é mais comedida?
Com as crianças sou bem equilibrada. Só tem uma coisa que me tira do sério: sapato. Você pode me botar na loja mais simples ou na mais chique que vou sempre querer um (risos). Não pense que vai me colocar numa loja horrorosa e não vou comprar nada. Mas sempre que compro um, dou outro. Não me apego e me sinto menos culpada.
O William também tem esse lado consumista?
Ele compra roupa muito bem para mim. Adora coisa de casa, decoração. Sempre acerta nas bolsas! Não é aquele marido que se eu não comprar roupa vai ficar sem camisa. Ele diz que eu também o estimulei muito a ter gosto por sapato. Outro dia, a gente se perdeu num shopping e ele disse para o amigo que estava com ele: 'Se aqui tiver uma loja de sapato, a gente vai achar a Fátima'. E, é claro, eu estava numa sapataria sentada (risos). Ele diz que depois que casou comigo o número de sapatos dele aumentou. Já posso ir sossegada às lojas de sapatos com ele.
Quando está no trabalho, consegue se desligar totalmente da função de mãe?
Ligo todo dia, obviamente. Se ninguém está doente, consigo uma concentração total. Mas é claro que de vez em quando eles ligam. 'Mãe, não estou achando onde nasceu Bethoven.' Aí entro na internet, vejo em que site eles podem entrar e falo onde podem pesquisar. Você tem que dar suporte, né?
Em 2007 você se submeteu a uma cirurgia no seio. Sentiu medo ao imaginar que poderia ser algo mais grave?
Acho que a gente que tem filho pequeno tem medo de que alguma coisa aconteça. É claro que fiquei com medo, mas, como eu corri muito rápido, a minha agonia demorou menos. Meu medo maior era que, se fosse um câncer, de que forma aquilo repercutiria na vida das crianças. Seria uma mudança porque eu teria de priorizar o tratamento.
Ter passado por esse problema aumentou sua preocupação com a saúde?
Mais do que sou, impossível. Mas valeu a pena ser atenta. Quantas outras mulheres devem tirar o sutiã e nem se olhar?
Seu trabalho requer uma aparência impecável. Que cuidados tem normalmente?
Com sol, sempre. Sempre evitei. Desde novinha. Estou há 21 anos na Globo. Nunca teve um dia que dormi maquiada.
Você recorre ao uso do botox na testa. Quando surgiu essa preocupação?
Não lembro quando fiz a primeira vez. Quando eu tinha 12 anos, esperava o ônibus e franzia muito a testa porque tinha preguiça de colocar os óculos. Agora, quando vejo que estou franzindo a testa, ponho um pouco de botox. Mas não gosto de não me ver com rugas e nem de ficar com a testa encerada. Não faço mais nada porque sou muito medrosa. No dia que notar que preciso fazer uma cirurgia plástica, farei sem nenhum problema. Mas não vou nunca fazer uma lipo. Acho aquilo horrível.
Como está encarando o processo de envelhecimento?
Passou pela crise dos 40? Não, não passei. Acho que estou mais atenta agora que fiz 46. Tenho uma alimentação legal, fiquei mais aplicada na ginástica. Minha família toda tem osteoporose, faço acompanhamento desde antes dos 40. Faço musculaçãozinha leve. Faço a dieta das notas (do doutor Guilherme de Azevedo Ribeiro) é mais ou menos parecida com a dieta dos pontos. Comecei a correr, faço ginástica, massagem, drenagem, cuido do cabelo.
Você se acha uma mulher bonita?
Eu acho. Não sou aquela beleza unânime, que as pessoas falam: 'Nossa, que mulher linda.' Mas sou feliz. Gosto da imagem que vejo no vídeo. Acho que é uma imagem limpa, clean. Não sou aquela beleza que as pessoas dizem "nossa!", mas também não sou uma pessoa que as pessoas dizem 'nossa' - faz cara de nojo - (risos).
Como se imagina aos 50 anos?
Me imagino muito bem. Fazendo ginástica, mais ou menos com o mesmo peso, com filhos maiores do que eu, trabalhando muito. Não tenho muitas neuroses com isso (risos).
Revista Istoé Gente
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é isso ai fatima bernardes tenque se mostrar uma mulher forte sempre muito humorada e batalhadora Deus quera que quando eu crescer seja que nem voce uma mulher forte e de alto nivél voce está de parabensssss!beijosss carinhososssss.
ResponderExcluireu queria conhecer ela
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