Quando foi mesmo a primeira vez que escrevi sobre você? Fui pesquisar no meu antigo blog, lá no bloglog, e descobri: foi no dia 14 de maio de 2009, quando seu nome ainda era Griselda Martins. Mas três dias depois, já como Griselda da Silva Pereira, você foi apresentada por mim aos alunos da minha primeira master class e aos leitores do bloglog. Está lá, pra quem quiser ler: eu conto a história de uma viúva conhecida como “Pereirão”, que trabalhava como “Marido de Aluguel” pra criar os três filhos; e logo no começo da trama sofria uma grande decepção ao descobrir que um deles, o estudante de medicina José Antenor, tinha vergonha dela e por isso contratara uma atriz decadente para apresentar como uma falsa mãe em sua festa de noivado.
Desde então, até que você ganhasse o rosto, o corpo, e a genial, chapliniana, inesquecível interpretação de Lília Cabral na telinha, muitas vezes falei e escrevi sobre você, e hoje confesso que, tão entusiasmado estava por tê-la criado, que muitas vezes fui boquirroto. Lembro-me especialmente de uma dessas vezes em que falei demais: no dia 12 de janeiro de 2010, durante um jantar no Antiquarius da Barra com um colega de profissão (na foto abaixo), durante o qual, diante de outras três pessoas – Jackeline Barroso, Eduardo Pires e Francisco Patrício – eu lhe contei a história de Griselda e seu filho estudante de medicina, e ele me falou que sua próxima novela começaria no Japão e seria sobre robôs, uma vaquinha anã e dinossauros.
Tantas vezes escrevi e falei a seu respeito – no antigo blog primeiro, depois aqui no portal, e em várias entrevistas – que muita gente incorreu no erro de achar que meus direitos de criação sobre você já tinham caducado.
Mas não tinham, pois antes de ser o boquirroto que fui eu já tinha registrado sua história de 78 páginas em meu nome na seção de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional no dia 27 de julho de 2009; e a não ser que alguém apresente um registro da mesma história com data anterior ao meu isso me torna o seu único autor e criador inconteste.
Mas tudo isso a essa altura é tão pequeno…
Pois, em apenas 15 dias você transcendeu a telinha da televisão, entrou em todos os lares do Brasil e tornou-se objeto de adoração do povo todo. Quando você chora, todos choram também, e quando você sofre ou é injustiçada todos sofrem e se sentem injustiçados, e se declaram seus amigos e solidários com suas causas.
Você, Griselda da Silva Pereira, mãe do egoísta e sacana estudante de medicina José Antenor desde maio de 2009, é o que eu chamaria de uma personagem icônica – alguém da ficção que, de algum modo, fala em nome de todos os humilhados e ofendidos da vida real, torna-se o porta-voz deles e por eles é amado.
Vale a pena passar por todos os sacrifícios da profissão de escritor, e eu me sinto feliz e orgulhoso por ter sido aquele que originalmente a criou, pelo que agora – Aleluia Senhor! – estou a ser tão fartamente recompensado.
A você Griselda, e a Lília Cabral, essa atriz como poucas que a “recebe” todos os dias de modo tão assustadoramente verdadeiro, o meu: muito obrigado.
Aguinaldo Silva Digital
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