Eles realmente estão bem na parada. Se o verso da música "Fugidinha" não tivesse sido composto por um deles (Thiaguinho), com certeza teria sido feito para eles. Com ingressos sempre esgotados para shows todas as segundas-feiras no Clube Monte Líbano, na Lagoa, o Exaltasamba virou a sensação do verão carioca, que, segundo Marcelo D2, amigo do grupo, "estava carente de um bom pagode".
— Isso é importante pra caramba! Mais do que para a Zona Sul, o Exalta trouxe para o Rio uma coisa que há muito tempo não tinha por aqui. O interessante é que a galera que frequenta não é só a do pagode — comenta D2, que fez questão de ir ao show e comparecer ao camarim do grupo, assim como uma legião de outros famosos, para cumprimentar os paulistas já considerados cariocas.
Fernanda Paes Leme, Sabrina Sato, Pe Lanza, Sharon Menezzes, Romário, Thiago Neves, Vagner Love, Dudu Nobre, Sandra de Sá, Mr. Catra, Marco Antônio Gimenez, Kayky Brito, Fernanda Souza, Roberta Rodrigues, Daniele Hypólito, André Arteche, Rafael Zulu e muitos, muitos outros, já se renderam à voz, ao charme, ao requebrado e ao borogodó de Thiaguinho, Péricles, Pinha, Brilhantina e Thell. Será que passaram mel na galera do Exalta?
— A culpa de tudo isso é a música. De tudo, tudo mesmo. Eu acho que se você oferece uma boa música, vai ter reconhecimento. Escuto todos os dias "Não curtia pagode, agora gosto por causa de vocês". A música não tem fronteiras. Trabalhamos para todo mundo, sem rótulos — tenta explicar Thiaguinho.
Até o Rei Roberto Carlos e o hollywoodiano Rodrigo Santoro, que ainda não apareceram no evento para prestigiar os novos amigos — mas, em compensação, já se uniram a eles para cantarem juntos no mesmo palco —, tornaram-se fãs.
— Sou de São Paulo, né, cara? Lá, a gente escuta muito pagode, muito Exalta. Então, desde criança, sabia as músicas de cor. Lembro que um dia encontrei com o Péricles no avião e ele falou assim: "Você me dá um autógrafo?". Falei, "Poxa, só se você me der o seu!" — conta a atriz Fernanda Souza, que desde os 10 anos de idade é "fãzona" do grupo, como ela mesma diz.
Diferentemente dela, Rodrigo Santoro, que passava longe do samba, passou a curtir o quinteto recentemente.
— Isso causou um impacto entre os meus amigos. As pessoas não acreditavam. Meus primos falaram "Você no palco cantando com o Exalta foi demais!" — contou Santoro à apresentadora Regina Casé no último domingo, no programa "Esquenta!", da Globo, onde cantou e dançou "Fugidinha" com os astros do momento, para delírio do público.
Mas essa não foi a primeira vez que Santoro fez coro com o Exalta. Em dezembro de 2010, no palco do Citibank Hall, no Rio, os meninos também contaram com sua voz e seu charmoso rebolado na música que gruda feito chiclete. E tudo no improviso, aproveitando que o ator estava na plateia com Casé.
— O Exalta caiu no meu gosto para sempre — afirma Rodrigo, dizendo ainda que o grupo "virou família" para ele.
A CADA DIA, UM NOVO SHOW
Falando em improviso, aliás, ele está presente em todas as apresentações dos queridinhos do pagode. Estão aí Sandra de Sá, D2, Mr. Catra e Dudu Nobre para provar a tese. Foi só eles pintarem lá no Exalta Verão, que Thiaguinho logo colocou os quatro para soltar a voz.
— Já os conheço há uns 15 anos. Encontrei com eles um dia e me falaram do show no Monte Líbano. Como adoro e minha esposa também é muito fã, resolvemos ir. Aí acabei subindo no palco, né? Foi ótimo. O samba abre muito essa possibilidade do improviso — diz Dudu.
Talvez também esteja aí o segredo do sucesso, já que quem os assiste uma vez quer voltar sempre: um show nunca é igual ao outro.
— Nesses 25 anos de carreira, o Exalta sempre foi um dos melhores grupos de pagode que se tem por aí. Mas a entrada do Thiaguinho no grupo, com certeza, deu uma virada radical na vida deles. Ele é carismático e a simplicidade com que todos tratam o público é um dos diferenciais deles — palpita Daniele Hypólito, que já era superfã e acabou se tornando amiga do vocalista-sensação.
EXALTAMANÍACOS
Sabrina Sato, que estava de férias no Rio e aproveitou para curtir a noite da cidade ao som dos pagodeiros, ficou impressionada com o "boom".
— Sempre gostei do Exalta, mas o mais incrível é que eles sempre se superam. Quando você acha que atingiram o topo com uma música, vêm outras, cada vez mais populares. O Exalta é a cara do Brasil e faz uma mistura brasileiríssima — opina a japa, que diz não parar de cantar "O jeito é....".
Pelo visto, a nova rainha de bateria da Vila Isabel vai virar uma exaltamaníaca...
Quem já é e só vem reforçando esse título é Pe Lanza, que marcou presença em duas, das quatro noites do Exalta Verão até agora. O vocalista da banda Restart aprova a "mistura brasileiríssima" a qual Sabrina se refere, que faz os meninos do Exalta unirem o pagode ao funk, ao rock, ao pop, à música romântica, e o que mais vier.
— Cantava as músicas do Exaltasamba com a galera no colégio. Os moleques são do bem e estão fazendo um trabalho importante. Ninguém nunca viu até hoje o samba junto com o rock. O Exalta quebrou padrões ao unir vários estilos e a gente (da Restart) quer quebrar barreiras junto com eles — justifica Pe Lanza.
Marcelo D2 complementa:
— Acho que o Exalta é a modernidade do samba. Eles conseguem sair um pouco do samba e ir para outros ritmos. Acho isso muito bom. Não é todo mundo que tem coragem de fazer isso, porque é preciso ter uma base muito forte para não se perder.
Supersatisfeito com a boa fase, Thiaguinho só tem a comemorar:
— A nossa música, nesse momento, atingiu pessoas de outras classes, que tinham até receio de gostar de samba. Estou orgulhoso. Na minha infância era difícil... Eu tocava cavaquinho e queria tocar nas festas, mas ninguém deixava. Só queriam que tocasse Legião Urbana. Cresci querendo quebrar essa barreira. Hoje, quando vejo tanta gente diferente cantando a minha música, sinto como uma vitória não só para mim, mas para o "neguinho" que está lá na escola dele tentando mostrar para os amigos que o samba é legal.
E é nesse clima de "pode entrar que a a casa é sua" que o Exalta Verão vai seguindo, até o fim de fevereiro, e consagrando o grupo na cidade. E de pensar que, no dia da estreia, 10 de janeiro, chovia torrencialmente, 5 mil pessoas com guarda-chuvas e capas de plástico formavam uma fila que cercava o quarteirão do Leblon e, lá dentro, o calor e o empurra-empurra eram de deixar qualquer um incomodado... podia ter dado tudo errado Mas não. Com capacidade limitada a 3 mil pessoas depois disso, Thiaguinho, Péricles, Pinha, Brilhantina e Thell agora viram a mesa e fazem a festa, com ou sem lua brilhando no céu. E não ligam mais para rumores, como o de que Thiaguinho sairia do Exalta no meio do ano para seguir carreira com Rodriguinho (ex-Travessos).
— Me sinto vitorioso, porque as pessoas que falam hoje que eu mudei a cara do grupo são as mesmas que falavam: "Um moleque de 19 anos vai entrar no Exaltasamba? Vai acabar com o grupo!" — afirma o vocalista.
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