O ex-vocalista do grupo Os Morenos, Waguinho, abandonou as drogas e virou pagodeiro gospel. Ele diz ter o maior índice de recuperação de ex-criminosos pela fé e afirma que não tem saudade do “mundo profano”, do dinheiro fácil e da ganância, mas ostenta relógio Rolex e carro importado
Por Valmir Moratelli
Passa das 13h de uma ensolarada quinta-feira de janeiro. Um automóvel importado, avaliado em cerca de 100 mil reais, estaciona em frente à igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O calor é forte, beira os 40 graus. De terno, camisa, gravata e sapatos verdes, Wagner Dias Bastos, 44 anos, desce do veículo. Ele é seguido pela mulher, Fabíola, e pelos filhos, Wagner Júnior, de 10 anos, e Cainã, de 6, ambos também de terno. “Chegou o dono da boca”, anuncia um homem.
Wagner, mais conhecido como Waguinho, conquistou fama e dinheiro como vocalista do grupo de pagode Os Morenos, entre 1995 e 1999. Em 2000, lançou-se em carreira solo, mas não decolou, e foi apenas em 2003, aos 39 anos, que sua vida mudou de rumo – segundo diz, para melhor: converteu-se à igreja evangélica e se tornou um pagodeiro gospel, deixando para trás um passado de sucesso, drogas e noitadas.
A expressão “o dono da boca” faz alusão ao título de uma das músicas do quarto CD evangélico de Waguinho, O Chamado, lançado no ano passado. Em um trecho da letra, ele canta: “(...) Eu sou o dono da boca (...) / A boca que prega, que louva e que ora”. “A ideia era brincar com esse duplo sentido”, diz o cantor, referindo-se às bocas de fumo, como são chamados os pontos-de-venda de drogas, lugares que ele conheceu bem, já que, por quase 25 anos, foi dependente. “Usei muita droga. Meu negócio era cocaína. Depois que comecei a fazer sucesso, ficou ainda mais fácil”, conta ele, filho de um gari e de uma cozinheira, criado na favela da Vila Cruzeiro, uma das áreas mais violentas da Zona Norte do Rio.
Overdose mudou o rumo
Os cinco CDs gravados pelo grupo Os Morenos venderam, juntos, quase 1 milhão de cópias, e o sucesso era o combustível para uma vida sem regras. “Saía do show e passava em algum lugar para buscar mulher e drogas”, lembra ele, que inventava desculpas para contar em casa. “Era mãe de amigo meu que morreu, pneu que furou... Vivia com medo de o celular tocar perto da minha mulher e ela descobrir uma das minhas amantes”, continua, sempre ao lado de Fabíola, de 28 anos, com quem está casado há 12, e dos filhos. Nenhum dos três esboça nenhuma reação.
O início da mudança radical de vida aconteceu em outubro de 2000. Após três dias trancado, sozinho, no quarto de um motel no bairro do Méier, no subúrbio carioca, ele teve uma overdose. Por sorte, conseguiu ligar para a mulher e pedir socorro. “Lembro da Fabíola falando versículos da Bíblia. Depois disso, vi uma luz forte vindo em minha direção, como se ela tivesse me colocado sobre a cama”. A partir daí, afirma, não voltou mais a usar drogas, passou a frequentar igrejas evangélicas e tornou-se missionário da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Em sua agenda, constam apresentações em igrejas de todo o Brasil e uma turnê por oito cidades americanas. Mas ele orgulha-se mesmo é da experiência em penitenciárias e favelas. “Faço culto em várias bocas de fumo. Sou amigo dos traficantes. Se não for assim, como é que eu posso trazê-los de volta à vida normal?” Após prestarem contas à Justiça, muitos dos condenados procuram a ajuda de Waguinho na igreja. “De cada dez, quatro não voltam a cometer crimes. É o maior índice de recuperação que existe”, acredita.
O “mundo profano”, que ele define como sendo o do dinheiro fácil e o da ganância, não é motivo de saudade. “O cara que tem o microfone na mão acha que pode tudo. Mas, sem Jesus, não pode nada”, diz, balançando os braços, um deles com um chamativo relógio Rolex, de ouro. Waguinho só não conseguiu se despojar mesmo da vaidade, apesar de estar com 18 quilos a mais do que quando se apresentava com Os Morenos e provocava a histeria feminina. “Crente não cheira, não bebe, não fuma. Mas come muito”, brinca. Ah, o carro importado, ele não vê como luxo. “É financiado. Só Deus sabe o quanto é difícil de pagar”, afirma.
A pessoa já não tem juízo quando se mete com drogas. No fim, acaba morrendo ou virando protestante. Não é novidade.
ResponderExcluirSão pessoas fragilizadas, sem cárater, sem uso da razão.
Notícia Velha heim.
ResponderExcluirDeus te ilumina
ResponderExcluiré sempre assim mais a vaidade continua e vender mucica envangélica da mais dinheiro do que o que ele fasia depois de sair fora do grupo fui
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