Por Anne Clinio
Pode uma pessoa, numa cadeira de rodas, estar mais inteira do que nunca? Uma sinopse careta, do tipo "o livro conta o processo de recuperação e as lembranças de um rapaz que ficou paraplégico aos 20 anos de idade" é uma verdadeira covardia com o leitor desavisado que se depara com Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva - um dos maiores best-sellers dos anos 80.
O texto franco, direto, escrito com grandes doses de carisma e, por que não, bom humor, não se limita a lamentar a má sorte de um rapaz que deu um mergulho em um lago raso e partiu a coluna vertebral. Na verdade, Feliz Ano Velho mostra toda a inquietação de um jovem que viveu plenamente, como se cada minuto de sua vida como se fosse o último.
A maneira sincera com que Marcelo lembra de seus namoros e casinhos, admitindo momentos de fraqueza - como a vez que broxou - e grandes conquistas como o dia em que mexeu o braço pela primeira vez ou o carinho dos inúmeros amigos (muitos mesmo) que acompanharam sua recuperação tornam a experiência de vida deste rapaz - ele ainda teve o pai, o deputado federal Rubens Beyrodt Paiva assassinado durante a ditadura - uma verdadeira lição de que a vida é boa pra caralho.
Marcelo opta, conscientemente, por um texto maduro em que fala das suas experiências sem cair na pieguice de livros de auto-ajuda, sem querer dar uma de mocinho, de pobre coitado. Como ele mesmo disse um ano após o acidente. "Meu futuro é uma quantidade infinita de incertezas. Não sei como vou estar fisicamente, não sei como irei ganhar a vida e não estou a fim de passar nenhuma lição. Não quero que as pessoas me encarem como um rapaz que apesar de tudo passa muita força. Não sou modelo para nada. Não sou herói, sou apenas uma vítima do destino, dentre milhões de destinos que nós não escolhemos. Aconteceu comigo. Injustamente, mas aconteceu. É foda, mas que jeito..."
*O texto Feliz Ano Velho está sendo encenado em São Paulo (TUCA) e também está disponível em vídeo no filme homônimo estrelado por Marcos Breda e Malu Mader.
Frases:
"De repente vejo pousar uma nota de cinqüenta cruzeiros no meu colo. Era uma velha que tinha jogado e saído rápido. A princípio não entendi, mas depois não agüentei e caí na gargalhada. Ela tinha me dado uma esmola. E como dissera meu amigo paraplégico Silvio: ser deficiente também tem suas vantagens" pág 226
"Dei muita sorte na Unicamp, com um sorriso bonito e esse meu machismo liberal. É a minha grande arma, meu sorriso. Não que eu tenha descoberto isso, mas várias garotas se deixaram seduzir por ele. Depois me contavam. É claro que eu comecei a dar maior importância , já que passei grande parte da minha adolescência com uma incrível dificuldade de me aproximar de mulheres." pág 74
Pode uma pessoa, numa cadeira de rodas, estar mais inteira do que nunca? Uma sinopse careta, do tipo "o livro conta o processo de recuperação e as lembranças de um rapaz que ficou paraplégico aos 20 anos de idade" é uma verdadeira covardia com o leitor desavisado que se depara com Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva - um dos maiores best-sellers dos anos 80.
O texto franco, direto, escrito com grandes doses de carisma e, por que não, bom humor, não se limita a lamentar a má sorte de um rapaz que deu um mergulho em um lago raso e partiu a coluna vertebral. Na verdade, Feliz Ano Velho mostra toda a inquietação de um jovem que viveu plenamente, como se cada minuto de sua vida como se fosse o último.
A maneira sincera com que Marcelo lembra de seus namoros e casinhos, admitindo momentos de fraqueza - como a vez que broxou - e grandes conquistas como o dia em que mexeu o braço pela primeira vez ou o carinho dos inúmeros amigos (muitos mesmo) que acompanharam sua recuperação tornam a experiência de vida deste rapaz - ele ainda teve o pai, o deputado federal Rubens Beyrodt Paiva assassinado durante a ditadura - uma verdadeira lição de que a vida é boa pra caralho.
Marcelo opta, conscientemente, por um texto maduro em que fala das suas experiências sem cair na pieguice de livros de auto-ajuda, sem querer dar uma de mocinho, de pobre coitado. Como ele mesmo disse um ano após o acidente. "Meu futuro é uma quantidade infinita de incertezas. Não sei como vou estar fisicamente, não sei como irei ganhar a vida e não estou a fim de passar nenhuma lição. Não quero que as pessoas me encarem como um rapaz que apesar de tudo passa muita força. Não sou modelo para nada. Não sou herói, sou apenas uma vítima do destino, dentre milhões de destinos que nós não escolhemos. Aconteceu comigo. Injustamente, mas aconteceu. É foda, mas que jeito..."
*O texto Feliz Ano Velho está sendo encenado em São Paulo (TUCA) e também está disponível em vídeo no filme homônimo estrelado por Marcos Breda e Malu Mader.
Frases:
"De repente vejo pousar uma nota de cinqüenta cruzeiros no meu colo. Era uma velha que tinha jogado e saído rápido. A princípio não entendi, mas depois não agüentei e caí na gargalhada. Ela tinha me dado uma esmola. E como dissera meu amigo paraplégico Silvio: ser deficiente também tem suas vantagens" pág 226
"Dei muita sorte na Unicamp, com um sorriso bonito e esse meu machismo liberal. É a minha grande arma, meu sorriso. Não que eu tenha descoberto isso, mas várias garotas se deixaram seduzir por ele. Depois me contavam. É claro que eu comecei a dar maior importância , já que passei grande parte da minha adolescência com uma incrível dificuldade de me aproximar de mulheres." pág 74
Fonte:http://www.mood.com.br
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Dedicado à um livro que eu amo muito.
Esses dias eu estava lendo esse livro pela segunda vez, e cara, esse Marcelo tem uma magia pra falar das coisas, num trecho ele descreve a Avenida Paulista, como se ela tivesse vida própria, é outra sensação ler um livro dele, é irreal.
"Em cada 100 habitantes paulistanos, 15 são viciados em fliperama. É a cidade da máquina, do digital, da tomada. Meninos e meninas, velhos impotentes, a Paulicéia delira apertando botõezinhos, fazendo a bolinha subir. E ela sobe, derruba um "extra" e sobe outra. Não deixa ela cair, ô cara cuidado com o "tilt". Mostre pra máquina que você é mais maquina doqe ela. Na Av. Paulista tem um fliperama gigantesco, só qe naum tem bolinha, não. É gnt, isso, gnt qe sobe, derruba um "extra" e desce. Esse "extra" é mais dificil. É a contradição do sistema, onde os felizardos serão os futuros infelizes desta mal-educada nação, pobre problema qe não depende da magia da avenida. E é com má educação qe os paulistanos não respeita os Black postes da menina. Todos forrados de cartazes: vende-se, show, luta, eu qero ser alguem. Mas essa sujeira eu até acho uma boa, e a menina tb gosta. O mundo precisa de manifestos, de letras, de apresentações. Pô, ele nos dá tanto de graça e de inspiração, pqe nóis vai ficá parado, hein? Beijos para o mundo, Beijos para Porto Seguro, para Arembepe, para a Av. Niemeyer, para o Maracanã. Beijos para a Ponte Preta, para o Comando Vermelho. Força aí, Comando, o povo brasileiro está na sua luta. Por melhores condições de assalto a banco, abaixo os alarmes, mais dinheiro, menos vigilantes. Enconste a arma no gerente e diga: - Eu não qero te machucar, só qero a grana do teu patrão.
Depois venha gastar conosco da classe média, num barzinho da Henrique Shaumann, compre um Passat, vista um belo jeans, paqere uma mina d'Augusta, sente-se e tome umas e outras conosco. Quem sabe até fumaremos um?"
[Marcelo Rubens Paiva - pág. 186 e 187]
Qual o sentido disso? fique ai se perguntando;
Porque eu gostei disso? ah cara, o Marcelo me fez viajar, com simples palavras .
Fonte:http://www.influenciavel-fantasia.blogspot.com
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Feliz Ano Velho foi e será um dos meus livros preferidos.Marcelo Rubens Paiva é um grande escritor e merecia a oportunidade de escrever para a televisão.É um notável talento que falta nos textos, alguns muito superficiais e repetitivos da nossa teledramaturgia.
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Dedicado à um livro que eu amo muito.
Esses dias eu estava lendo esse livro pela segunda vez, e cara, esse Marcelo tem uma magia pra falar das coisas, num trecho ele descreve a Avenida Paulista, como se ela tivesse vida própria, é outra sensação ler um livro dele, é irreal.
"Em cada 100 habitantes paulistanos, 15 são viciados em fliperama. É a cidade da máquina, do digital, da tomada. Meninos e meninas, velhos impotentes, a Paulicéia delira apertando botõezinhos, fazendo a bolinha subir. E ela sobe, derruba um "extra" e sobe outra. Não deixa ela cair, ô cara cuidado com o "tilt". Mostre pra máquina que você é mais maquina doqe ela. Na Av. Paulista tem um fliperama gigantesco, só qe naum tem bolinha, não. É gnt, isso, gnt qe sobe, derruba um "extra" e desce. Esse "extra" é mais dificil. É a contradição do sistema, onde os felizardos serão os futuros infelizes desta mal-educada nação, pobre problema qe não depende da magia da avenida. E é com má educação qe os paulistanos não respeita os Black postes da menina. Todos forrados de cartazes: vende-se, show, luta, eu qero ser alguem. Mas essa sujeira eu até acho uma boa, e a menina tb gosta. O mundo precisa de manifestos, de letras, de apresentações. Pô, ele nos dá tanto de graça e de inspiração, pqe nóis vai ficá parado, hein? Beijos para o mundo, Beijos para Porto Seguro, para Arembepe, para a Av. Niemeyer, para o Maracanã. Beijos para a Ponte Preta, para o Comando Vermelho. Força aí, Comando, o povo brasileiro está na sua luta. Por melhores condições de assalto a banco, abaixo os alarmes, mais dinheiro, menos vigilantes. Enconste a arma no gerente e diga: - Eu não qero te machucar, só qero a grana do teu patrão.
Depois venha gastar conosco da classe média, num barzinho da Henrique Shaumann, compre um Passat, vista um belo jeans, paqere uma mina d'Augusta, sente-se e tome umas e outras conosco. Quem sabe até fumaremos um?"
[Marcelo Rubens Paiva - pág. 186 e 187]
Qual o sentido disso? fique ai se perguntando;
Porque eu gostei disso? ah cara, o Marcelo me fez viajar, com simples palavras .
Fonte:http://www.influenciavel-fantasia.blogspot.com
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Feliz Ano Velho foi e será um dos meus livros preferidos.Marcelo Rubens Paiva é um grande escritor e merecia a oportunidade de escrever para a televisão.É um notável talento que falta nos textos, alguns muito superficiais e repetitivos da nossa teledramaturgia.
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