Como fizeram em “Paraíso tropical” ao criar a Iracema (Daisy Lúcidi), viúva de um militar e síndica de um prédio de Copacabana, em “Insensato coração”, Gilberto Braga e Ricardo Linhares investiram em algumas figuras femininas bem realistas.
A primeira é Tia Neném (Ana Lúcia Torre). Fofoqueira, com um universo restrito, a aposentada se dedica à vida alheia no pior sentido: seu gozo vem da intriga familiar. Paroxismo da mesquinhez, tudo nela é pequeno. À personagem não estão reservadas cenas grandiloquentes. Tia Neném é da futriquinha e Ana Lúcia Torre construiu um tipo de acordo. Ela se expressa apertando os olhos, fazendo um ar sonso etc. Com uma folha corrida de bons trabalhos, a atriz é uma das melhores da TV brasileira e $ão poderiam ter acertado mais na sua escalação.
Outra semissolitária da novela é Zuleica (Bete Mendes), uma espécie de Tia Neném às avessas. Mais dependente da família, ela é um doce de coco. A exemplo de Tia Nenê, trata-se de uma figura como muitas que o espectador conhece. Bete Mendes, não é surpresa, está perfeita como a mulher abnegada e sem muito a oferecer além do afeto.
Finalmente, tem Haidê, muito bem defendida por Rosi Campos. Ela é o pé no chão de um núcleo mais delirante.
Apesar de secundárias, todas essas personagens têm força e ganham com o trabalho das atrizes. Sua função é especial e importante: fazer o público se reconhecer na história e, com isso, sentir-se em casa. Está funcionando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário