Porque a 'Globo' quer acabar com os Filmes na sua Programação?

*Texto original do blog Hipersessão

Já cansou, e não convence mais essa história, esse velho discurso, de que "a audiência dos filmes na TV aberta despencou", em função do maior número de assinantes da TV paga, do sistema on-line, serviço sob demanda, dos downloads grátis ou piratas na internet...blá, blá, blá... Há um boicote velado à exibição de filmes na maior emissora do país. Falo isso como telespectador dela, há mais de trinta anos, é notável esse desprezo aos fãs desse tipo de atração, tão comuns até a pouco, e agora cada vez mais restritas.

Um dos grandes pilares que ajudou a construir o sucesso histórico da TV Globo foram além das novelas, do jornalismo, dos musicais e programas de auditório, o festival de filmes diários e em grande quantidade apresentados na sua grade de programação, da tarde à madrugada, de domingo a domingo.

Mesmo que o Ibope de todas as televisões, em especial o plim-plim esteja sofrendo quedas de público como nunca antes vistas, migrando para essas novas mídias, há de se destacar a má vontade, o desinteresse da nova direção de entretenimento em exibir sessões de filmes na TV.

Depois da mudança ou furto de horário com o Supercine, quantas vezes o programa Altas Horas conseguiu marcar dois dígitos de audiência, e picos de mais de vinte pontos, como no dia 5 de novembro de 2011, quando foi exibido o thriller 'Breakdown - Implacável Perseguição' que atingiu o índice de 20 pontos, entre 23h00 e 1h00 ?!?! Quantas vezes?! Geralmente o programa de Serginho Groisman dá na média quase o mesmo Ibope quando era exibido madrugada a dentro. O talk-show recebe em alta do Zorra Total, mantem por alguns minutos, e depois cai para menos de dez; e o Supercine há quase 30 anos na faixa, capenga entre 5 e 7 pontos. Foi lucro essa mudança? Assim realmente é inegável afirmar que "a audiência dos filmes na TV aberta despencou".

Semelhante mudança que passou também a Sessão da Tarde, após mais de três décadas. Trocou de lugar com o Vale a Pena Ver de Novo e dificilmente ultrapassa a casa dos 10 pontos..."a audiência dos filmes na TV aberta despencou". Se achavam que o desempenho de Malhação era prejudicado por receber com números não tão satisfatórios, por que não colocaram a matinê das 16h00 às 17h30, e das 17h30 às 18h00, uma reprise de novela mais curta para salvar a cansativa e interminável novelinha jovem, que há uns quinze anos, não se passa mais numa academia de ginástica, e que então não faz sentido, nem jus ao título?! Mas quem continua ameaçada de sair do ar é a Sessão da Tarde, o horário da porta da rua ela já está, só faltam agora espirrá-la para fora.

O Domingo Maior só começa altas horas da manhã de domingo...e segundo executivos do meio televisivo "a audiência dos filmes na TV aberta despencou".

Para acabar mesmo, a vítima da vez é a Tela Quente, única sessão da TV aberta que apresenta filmes inéditos, de abril a dezembro (aliás, porque a Globo aboliu dos anúncios o termo 'inédito'?). A audiência da Tela Quente, depois da novela era ruim?! Não! Mas agora "a audiência dos filmes na TV aberta despencou", sim... como não?! Atrasaram os filmes da segunda para depois das 23h00, coincidentemente por causa de uma novela, cujo nome é O Rebu.

É mentira dizer que o público não gosta mais de assistir filmes na TV. O problema é a programação, tanto de horários, como as de quem os seleciona. Para escolhê-los é preciso gostar deles, como Silvio Santos no SBT antes anunciava os seus, dizendo que ele e toda sua família tinha assistido, e todos recomendavam assistir. É preciso ser um apaixonado por cinema, como o programador de filmes da Globo já foi, mas que talvez seja outro sujeito, e que talvez ele receba a recomendação do seu superior para diminuir, ou só para colocá-los como tapa-buracos, e que filmes são muito caros e que "a audiência dos filmes na TV aberta despencou".

Plim-Plim

Efeito sonoro usado em intervalos dos filmes na Globo ficam cada vez mais raros

Quero ver é substituirem todos os horários dessas sessões por produções próprias, criativas, variadas, relevantes, e que alcança um público qualificado.

Cinema é lazer, cultura, são ficções, roteiros geniais ou descompromissados que entretem, e só ajudam a enriquecer o conteúdo de uma emissora, sempre em busca de algo que prenda sua plateia, cada vez, mais dela isolada e cativa da internet.

As perguntas que ficam: os filmes de hoje não dão mais audiência e lucros, ou são fruto de uma grade de programação desorganizada e criada ao sabor dos ventos, sem estrutura, sem pensar que uma atração alimente a audiência da outra???

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