Todo comediante passa apelo mesmo “drama”. Pode estar em qualquer lugar, em qualquer situação. Ao ser reconhecido, tem que fazer uma graça. Ou ao menos é algo assim que espera quem o aborda. No caso de Rodrigo Sant’ Anna, não é incômodo algum. Mas algumas vezes, ele confessa, fica constrangido ao ser chamado de Valéria Bandida – aquele travesti hilário do trem do metrô do humorístico Zorra Total, da Globo - nas ruas.
Aos 30 anos, o ator carioca se consagra com os personagens Edmilson e Valéria, ambos no ar no Zorra Total. Embora tenha participado por quatro anos da Turma do Didi, somente agora, no Zorra, Rodrigo ganhou maior repercussão. A travesti Valéria, ao lado de Janete, vivida por Thalita Carauta, tem garantido média de 25 pontos no quadro de abertura do humorístico global. Logo em seguida, no mesmo programa, ele aparece como Admilson, personagem que revitalizou o quadro de Lady Kate (Katiúscia Kanoro).
Com formação teatral, Rodrigo viu suas peças lotarem salas de teatro da noite para o dia, após o sucesso na tevê:
“Fazia apresentações uma vez por semana, agora chego a fazer seis num final de semana”, comemora o ator, que há algum tempo se apresenta no teatro com o espetáculo Comício e Gargalhada.
Pelas ruas do Brasil, já se ouve as tiradas da cabeleireira Valéria Bandida, que vira o olho todo e solta frases como: “hoje eu tô virada no Samurai”, “Ai, como eu tô maléfica!”, “Ai, minha nossa senhora dio chuveiro elétrico, dai-me resistência.” ou “não faz a Janete, não faz a lesa.”
O Fuxico entrevistou esse talentoso artista para saber um pouco mais dele. Confira!
O Fuxico: Você atuou por um bom tempo na Turma do Didi, mas só agora o grande público te abraça. Como se sente?
Rodrigo Sant’Anna: Foram quatro ótimos anos na Turma. Aprendi muito quando trabalhei com o Renato, foi uma segunda escola para mim. É difícil resumir em palavras, o Zorra é exibido em um horário diferente, de visibilidade maior. É uma questão prática e objetiva da quantidade de pessoas que assitem. Até mesmo no Zorra, comecei com o Admilson, que também é sucesso, agora veio a Valéria, um personagem que caiu rápido no gosto do público. Só tenho a agradecer.
OF: A presença do Admilson e da Crarete (Thalita Carauta) deu um gás no quadro da Lady Kate…
RS: O Admilson fala o que vem na cabeça e desmistifica a alta sociedade. Na verdade, todas as pessoas têm um lado suburbano, de querer falar alto, colocar salgadinhos na bolsa em festas de aniversário para levar para casa e rir alto no lugar que não deveria. O quadro da Lady Kate já fazia sucesso, mas tenho consciência de que quando entrei deu uma alavancada”.
OF: Sua origem é o teatro e você concilia os dois trabalhos. Como tem sido a repercussão?
RS: Estou em cartaz com o monólogo Comício e Gargalhada, que é dirigido pela Thalita Carauta. As apresentações tem lotado, chego a fazer até seis por final de semana. A peça é uma comemoração aos meus dez anos de carreira e faço uma sátira aos comícios eleitorais. Lá estão o Admilson, a favelada Adelaide, o sensitivo Vanderley das Almas, a cantora de axé Menininha Sara, o Frango de Padaria, entre outros.
OF: Como conheceu a Thalita?
RS: Fizemos uma peça juntos, há uns 11 anos, não teve repercussão. Mas mantivemos a amizade e continuamos trabalhando. Até que fizemos o espetáculo Suburbanos, que ficou quase seis anos em cartaz.
OF: Como você começou a atuar?
RS: Comecei há 10 anos, sou formado em Artes Cênicas pela escola Casa das Arte de Laranjeiras (CAL), no Rio. Sempre fui tímido e com o teatro melhorei. Fazia esquetes no metrô do Rio de Janeiro e com o dinheiro que ganhava, pagava o curso de teatro.
OF: Como surgiram o Admilson e a Valéria?
RS: Os dois são personagens do espetáculo Suburbanos. Para o Zorra, teve mudança apenas externa. No teatro a gente mostrava mais o rosto e na tevê, uso peruca. O Maurício Sherman, no final de 2010, foi ao teatro assistir a peça e me convidou para participar do Zorra.
OF: Quem são seus ídolos na comédia?
RS: Renato Aragão e Chico Anysio.
OF: Como está o assédio com esse sucesso meteóro?
RS: Mantenho a minha vida normal, na verdade, continuo indo à rua da Alfândega (popular centro de comércio no Rio) para comprar peruca. O que mudou é que as pessoas agora me chamam de Valéria Bandida e, às vezes, fico até constrangido. Outro dia levei minha mãe ao Projac e ela queria porque queria que eu cumprimentasse o Jorge Fernando, porque ele era diretor.
OF: Quais são seus planos daqui pra frente, pretende continuar no Zorra?
RS: O que eu quero é continuar trabalhando, seja com novela, humor. A carreira é difícil, é difícil se manter…
Veja 'Valéria e Janete' aqui:
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