segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Daisy Lúcidi fala sobre a 'Valentina' de 'Passione'

As bijuterias chamativas e os retoques na maquiagem evidenciam a vaidade de Daisy Lúcidi. No ar em "Passione", a atriz teve de adotar um cabelo desarrumado, roupas desalinhadas e quase nenhuma maquiagem para dar vida à megera avó Valentina. Mas aparecer com o visual "enfeiado" na novela das nove não chega a ser um tormento para ela. "Tenho de enfrentar pela personagem. Espero ter a oportunidade de, um dia, aparecer bem-vestida e bem-penteada", ressalta. Enquanto o ar desleixado de Valentina não incomoda Daisy, adaptar-se ao esmalte marrom escuro escolhido para o papel levou algum tempo. "Era acostumada a só usar branco. Na hora pensei: 'que cor horrorosa'. Mas me acostumei e agora já gosto", conta.


Na pele da avó má que explora sexualmente as netas Clara e Kelly, vividas por Mariana Ximenes e Carol Macedo, respectivamente, Daisy sente a repercussão da vilã nas ruas. Dia desses, enquanto tomava café na Praça Mauá, centro do Rio de Janeiro, a atriz ouviu de xingamentos a elogios por seu trabalho na trama de Silvio de Abreu. "Um homem me disse: 'A senhora está ótima, mas não vá na baixada, porque lá a senhora apanha'", lembra. Depois de passar 30 anos longe da TV para se dedicar à política --ela voltou às novelas como a síndica rabugenta Iracema de "Paraíso Tropical", escrita por Gilberto Braga, em 2007--, Daisy se surpreende com a repercussão atual. "Acho curioso como as pessoas se sentem atraídas pelo mal. É engraçado", destaca.


Apesar do entusiasmo atual com a cafetina, Daisy não esconde que, no começo, sentiu medo ao saber que interpretaria uma malvada. Acostumada a personagens mais leves e do bem tanto no teatro como na televisão, a atriz ficou preocupada sobre como seria a composição do papel. "Nunca tinha feito uma vilã. Em 'Paraíso Tropical', a síndica tinha princípios morais. A Valentina não. Ela é dissimulada", analisa ela, que buscou em si própria elementos para compor o papel. "Depois de ver as primeiras fotografias que tirei com o visual da personagem, o Silvio achou que eu estava muito arrumada", conta. Daisy também se preocupou em engordar alguns quilos e andar arrastando os chinelos para intensificar o jeito desleixado. "Os meus filhos e netos me perguntam onde arrumo aquelas caras da Valentina", conta, entre risos.


A volta à telinha foi por acaso. Uma amiga em comum de Daisy e o autor Gilberto Braga comentou que a atriz estava afastada da política. Dessa conversa surgiu o convite para atuar em "Paraíso Tropical". "Ele me ligou perguntando se eu queria fazer. Na hora, eu fiquei receosa, mas o Gilberto disse que atuar era igual a andar de bicicleta. Uma vez que aprende, não esquece mais", conta, lembrando que se surpreendeu com o destaque que recebeu como a síndica. "O ator quer ver o resultado, quer ser reconhecido. Estava há tanto tempo sem fazer nada que foi uma surpresa para mim", confessa. Mas voltar aos estúdios teve um ar de novidade para a atriz. "É completamente diferente fazer uma novela hoje. É mais técnico, mais trabalhoso e também mais bonito", ressalta.


Desde que deixou a política, na qual atuou como vereadora e deputada estadual, e voltou à televisão, Daisy espera fazer muitos trabalhos em novelas. Só não pretende repetir a dose tão cedo. "Não quero ficar estigmatizada e ficar fazendo vilã a vida inteira. Espero que me chamem para outros trabalhos, porque quero continuar na TV", enfatiza ela, que ainda comanda diariamente o programa "Alô, Daisy!", há 39 anos, na Rádio Nacional.


(por Natalia Palmeira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário