sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Aguinaldo Silva explica 'Fina Estampa'


O pernambucano Aguinaldo Silva nunca havia pensado em ser dramaturgo. Os dez anos como editor das seções de polícia e cidade do jornal O Globo (1968 a 1978), porém, despertaram no jornalista uma vontade de escrever de maneira diferenciada sobre aquele universo. Foi assim que surgiu o seriado ‘Plantão de Polícia’, de 1979, marcando a estreia do autor na televisão e revelando um novo olhar sobre a sociedade e uma visão mais humanizada sobre quem estava à margem dela.
Alguns seriados depois, Aguinaldo escreveu a primeira minissérie da televisão brasileira, ‘Lampião e Maria Bonita’ (1982). Foi o início de uma série de trabalhos, como ‘Bandidos da Falange’(1983), ‘Padre Cícero’(1984) e ‘Riacho Doce’ (1990), que retratavam, de forma inédita, temas mais urbanos, regionalistas e religiosos.
A partir de 1984, o autor inicia uma trajetória de sucesso no horário nobre com suas tele novelas. Aguinaldo é o único autor cujas obras sempre foram exibidas nesta faixa. Conhecido também por trabalhar com o realismo fantástico, o pernambucano foi o criador de novelas como ‘Pedra sobre Pedra’(1992), ‘Fera Ferida’ (1993) e ‘A Indomada’ (1997). Em 2004, Aguinaldo Silva traz novamente à tona temas urbanos e populares com ‘Senhora do Destino’ e, em 2007, com ‘Duas Caras’.

Como você definiria a novela?
‘Fina Estampa’ é um folhetim clássico, com todas as características do gênero, só que modernizadas, adaptadas para a época em que vivemos. É uma novela com tramas fortes que se cruzam, de personagens muito reais e envolvidos com questões inerentes ao ser humano. É uma novela popular, urbana e profundamente brasileira.

O que a trama quer passar para o público?
A novela vai deixar uma pergunta no ar: o que vale mais nas pessoas, a aparência ou o caráter? Griselda é de um caráter inquestionável que percebe que está se transformando com o dinheiro. Num mundo onde o culto ao corpo e a beleza física é uma verdadeira mania, as tramas de “Fina Estampa”, de um modo ou outro, têm a árdua tarefa de questionar essa opção.

Por que ambientar a trama na Barra da Tijuca?
Sei que existe, na parte mais tradicional do Rio de Janeiro, certo distanciamento com o bairro. A Barra é mesmo bem diferente do resto da cidade, exceto na área do Jardim Oceânico, que é um bairro como outro qualquer. Eu quero mostrar que a Barra, com suas características sociais tão distintas, é tão carioca quanto qualquer outro bairro. E é muito bonita e atraente.

Griselda é um personagem muito peculiar e inusitado na televisão. Sua criação foi baseada em alguém da vida real?
Sim, como todos os meus personagens. Eu conheci uma mulher igual a ela, uma faz-tudo, no bairro de Santa Teresa, onde morei na década de 70. Ela era viúva, portuguesa como Griselda e um tanto masculinizada. Então, eu ficava pensando como seria se ela passasse por uma transformação que a fizesse voltar a se preocupar mais com a aparência. A personagem e sua história estavam no meu passado. Só tive que ir lá resgatá-las.

E o que você pode dizer sobre a vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni)?
Gosto quando o vilão ou a vilã são mais humanizados. Tereza Cristina realmente achará que tem motivos para agir como age. Para ela, são atitudes justas e inquestionáveis. Isso a tornará mais humana, mais suave.

Na maioria das tramas de ‘Fina Estampa’, as relações de maternidade são muito fortes. Por que tratar desse assunto?
Para mim, a família é a base de tudo e, nesse tempo de crise de valores, é sempre nela que devemos buscar apoio. As relações de família – e dentro delas, as de maternidade – é que tornaram possível o progresso do homem e dão real valor à história humana. A origem da civilização está lá e eu sempre procuro mostrar isso em minhas obras.

Como a novela vai entrar na questão da violência doméstica através da história de Celeste (Dirá Paes)?
De um modo mais polêmico. Por que Celeste não denuncia Baltazar para a polícia? Isso, em casos de violência doméstica, é comum e é hora de se discutir por que, num mundo onde as mulheres já têm voz, isso ainda acontece. Por que determinadas mulheres, por questões emocionais, simplesmente não conseguem se livrar disso.

Um comentário:

  1. aguinaldo sua novela e dez. So falta uma alzira bem engraçada para alegrar a novela. Pense nisso.

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