DO RIO
F5
Perto de estrear na nova novela das 21h da Globo, "Fina Estampa", como Crodoaldo Valério, o Crô, Marcelo Serrado não se limitou para compor o divertido mordomo gay. Seu laboratório para entrar na pele do personagem foi desde um banho de loja até visita a boates gays.
"Um dia entrei na Ellus e levei um monte de roupa. Apareci com um shortinho apertadinho, e todas as calças dele são apertadas. Isso me ajuda a compor", explicou durante a coletiva com o elenco e autores do folhetim.
O ator, que acaba de voltar à Globo depois de uma passagem pela Record, onde viveu alguns vilões, se mostrou muito confortável ao interpretar o primeiro papel homossexual.
"Escolher um ator hétero pra fazer um gay não tem problema nenhum. Personagens assim são únicos, você tem que se jogar. E os vilões que fiz na Record eram engraçados. Acho que por isso me escolheram. Eu ponho humor nesse personagem. Ele tem uma coisa narcisista que é ótima", disse.
Animado, Serrado contou com graça as aventuras que viveu pelo Crô.
"Fui em muitas boates gays para fazer laboratórios, conhecer este universo e construir o personagem. Fui azarado, passei por situações constrangedoras, foi muito divertido! Peguei referências, sempre que saía das festas, anotava expressões, formas de andar, tudo que pudesse me ajudar para o Crô. O Aguinaldo Silva me fez o convite e não tive como recusar. Em 'Fina Estampa', todos os personagens têm lados complexos. O autor vai sempre deixar perguntas no ar, inclusive para o Crô. Será que ele é realmente leve e bonzinho ou seria capaz de fazer maldades?", indaga.
Além de boates, o ator também experimentou cosméticos e parece que ficou mais vaidoso.
"Sempre usei creme e agora colocam laquê no meu cabelo", brinca. "Passo protetor na pele de manhã, faço a barba, à noite também ponho creme no rosto e uso produto no cabelo para deixar mais volumoso", conta.
João Miguel Junior/TV Globo
POLÊMICA
Sobre a polêmica que parte do público levanta sempre quando há um personagem gay em novelas, Serrado garante que seu personagem não levantará nenhuma bandeira.
"Acho que a gente não quer levantar bandeira. Nosso gay é divertido, a gente não quer deixar algo chato para o público. A bandeira já foi levantada. Não acredito que haverá cenas cortadas, até porque as cenas que fiz na cama não mostram o meu namorado. Eu falo para a câmera, para criar o mistério. Há quatro pessoas que podem ser namoradas dele. E essas pessoas são até um pouco homofóbicas, debocham dele, humilham, mas na verdade ele é apaixonado por um dos caras", adianta.
Christiane Torloni, que vai interpretar a chefe de Crô, Tereza Cristina, concorda.
"Cria polêmica quando a intenção do autor é criar polêmica. O Aguinaldo [Silva, autor] quer contar história, quer brincar e esse é o sentido mais antigo da coisa. Tem novela que tem a proposta de criar um fórum de discussão. Acho super bom, justo e útil, mas a nossa proposta não é essa. E isso é perfeito. Você descansa quando o autor fala que não vai levantar bandeira", disse.
"O Marcelo tem tantos instrumentos para trabalhar... Foi até fazer pesquisa de campo! A histórias dele pelas noites gays... Ele dizia que tinha coisa que ele nunca imaginou existir e eu indagava como, com mais de 40 anos, ele nunca pensou naquilo?", brincou.
Para o autor Aguinaldo Silva não há novidade em colocar personagem gay em tramas.
"Sempre vi gays nas novelas, desde a década de 80. Não acho que tenha novidade nisso. O personagem do Marcelo é um cidadão que por acaso tem certas preferências que não interessam muito. O personagem é a pessoa, não é o que ele prefere", disse.
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