quinta-feira, 6 de maio de 2010

Viver a Vida perto do fim...

Faltam 8 capítulos para a novela Viver a Vida sucumbir de vez do horário nobre global.Mesmo sendo criação do genial Manoel Carlos, mesmo sendo a atração mais vista da tv aberta, tirando claro o jogo do Corinthians e Flamengo ocorrido ontem, foi um trabalho, que não rendeu...brando...morno...frio pra dizer a verdade.


Em parte a Globo tem culpa, porque mesmo sendo um autor de talento incontestável, ele já dava sinais de esgotamento desde Páginas da Vida em 2006, cujos enredos como agora, criavam-se muitas expectativas e nunca aconteciam, sem contar o já constante atraso na entrega de textos, sumiço de personagens e companhia bela.Mesmo essa novela tendo sido um sucesso na época, fechando com 47 pontos de média, eu imaginava, que a Globo não o convocaria mais para essa missão de escrever para o horário das 8...e fazer o mesmo que fizeram com o Benedito Ruy Barbosa, que enfrentou dificuldades em escrever Esperança, tanto que teve que sair antes do desfecho da trama e dar outras opções de trabalho menos estafantes; o bom senso recomendaria talvez uma novela das 6, uma minissérie como aconteceu recentemente, (Maysa, Quando Fala o Coração), mas estava enganado, Maneco assumiu novamente o posto e a missão, e infelizmente Viver a Vida terminará com a pior média de uma novela do horário nobre de todos os tempos.E não é porque o público não entendeu ou ignorou, a história não aconteceu.


O ritmo dos acontecimentos foram a passo de tartaruga, havia sempre um receio em agilizar o roteiro, uma vontade permanente de "deixa pra depois"...depois do Natal, do ano Novo, do Carnaval, após o lançamento da programação 2010 da Globo...enfim...os espectadores ficaram na sala de espera, aguardando a protagonista Helena reagir, ser mais incisiva, briguenta...e nada, ao contrário ela virou uma maria-mole, Taís Araújo, que costuma dar a cara para bater com seus personagens, ficou inexpressiva no ar, sendo escada para a Dora de Giovana Antonelli e a Luciana de Aline Moraes.Essas sim roubaram a cena, mas, claro, que de maneira limitada, porque tinham que seguir o espírito câmera lenta do script.


Manoel Carlos também, claro tem sua parcela de comprometimento nesse resultado.É sacrificante um senhor de quase oitenta anos ter páginas intermináveis para serem concluídas diariamente durante 8, 9 meses, e fechar com mais de 200 capítulos.Mas, turrão que é, não aceitou novos colaboradores que a emissora propôs para o ajudar, nem, tão pouco, preocupou-se com o elenco, que tinha que se virar para decorar e gravar as cenas, quase que ao vivo, nem importou-se também com o trabalho do diretor Jayme Monjardim, que tinha que fazer mágica para puxar dali, esticar daqui para a novela ir com pelo menos uma hora no ar.E dá-lhe reprise do início do capítulo anterior, flashbacks incontáveis e aleatórios, paisagens, musicais...tudo para conter a sangria desatada de um texto enxuto sem muito ou nenhum enredo.


Há alguns papéis irritantes como o Bruno, interpretado por Thiago Lacerda e o Felipe de Rodrigo Hilbert, que parecem que estão ali, por uma questão de aparência, parecendo dois pavões, porque acho que seus personagens, principalmente o namoradinho da Helena com aquela sobrancelha levantada, um canastrão.


Aquelas conversas jogadas fora com Teresa e as filhas, sempre com a Isabel falando crueldades e agredindo alguém, e sendo timidamente contestada com sorrisinhos e gracinhas, é outro ponto reprovável.


Destaco o que para mim foram grandes revelações:o argentino dono de pousada Maradona por Mario José Paz e a Rafaela , abrilhantada pela excelente Klara Castanho, que infelizmente não manteve seu perfil inicial por interferência do ministério público, mas de qualquer forma, ela soube dominar com tranquilidade e segurança uma criança, que como muitas outras, pode cometer maldades.


Sem ganchos ficou difícil manter-se ligado com muita frequência em Viver a Vida, mas, de modo geral, é inquestionável o esforço de todos para fazer mais um romance do Maneco com muita qualidade.


Apesar do refinado bom gosto na escolha da música,"Sei lá...a vida tem sempre razão" de Toquinho, tema da abertura, cantada por Tom Jobim, Chico Buarque e Miúcha acho que aquela música "...é devagar, é devagar, é devagar, é devagar, devagarinho..."cantada por Martinho da Vila combinaria melhor com o estilo preguiçoso que foi Viver a Vida...aí sim essa "vida" teria sempre razão...

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