Por
Patrícia Kogut
Acompanho o trabalhos dos cassetas desde muito antes de o grupo ter um programa. Era, como muitos estudantes cariocas da época - o início dos anos 80 -, leitora do "Casseta Popular", jornalzinho que brincava com política (ainda estávamos na ditadura), criativo, afiadíssimo. De quebra, ainda praticava um humor de autorreferência.
Todo este talento para fazer rir foi transposto para a televisão, e se manteve durante anos, sem prejuízo para o que era ardido, perspicaz, e cheio de fescor. Agora que o programa vai acabar - depois de quase 20 anos no ar na Globo -, Marcelo Madureira argumentou: é preciso parar para repensar o grupo, afinal o Brasil mudou muito desde a estreia. Ele tem razão.
O ambiente poítico, por muito tempo a matéria-prima do humorístico, hoje é outro. E mais do que isso: a política continuou ali, mas deixou de ser a principal inspiração do programa. O "Casseta & Planeta" foi se voltando muito para as sátiras à própria televisão. Teve bons momentos brincando com as novelas, mas acabou limitado às atrações da TV Globo.
É hora de repensar tudo, mas também de lembrar grandes criações. A presença do grupo em várias Copas do Mundo contribuiu para dar uma cor à cobertura mais sóbria da televisão. Inventaram inúmeros bons personagens ao longo desses anos, as Organizações Tabajara, e e experimentaram uma perfeita química com Maria Paula. E os humoristas, que na sua origem eram estritamente redatores, foram se transformando também em bons atores.
O anúncio do fim do "Casseta" marca também a possibilidade de um recomeço para os seus integrantes. Para quem tem o humor na veia, isso não deverá ser difícil.
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