domingo, 11 de abril de 2010

POR ONDE ANDA, HENRIQUE FARIA, O RINGO STARR DA NOVELA TOP MODEL?

Na adolescência

Henrique Faria com a esposa

Com 15 anos, ele estava descobrindo a sexualidade e se trancava no banheiro com revistas de mulher pelada. Malandrinho carioca e menino do Rio, este era o Ringo Starr, filho de Gaspar Kundera (Nuno Leal Maia), personagem de “Top Model” que marcou a carreira de Henrique Farias. Hoje, "Ringo” está com 35 anos, é casado e virou advogado trabalhista.

“Tenho excelentes recordações da época. O astral da novela era ótimo, o clima muito carioca. Entre as cenas diurnas e noturnas sempre rolava um banho de mar. O Nuno e o Evandro (Mesquita) tocavam tudo”, conta Henrique, que começou a carreira aos 12 anos no Teatro Tablado, e estreou sua primeira peça no Canecão, em 1986, com Daniel Azulay.

“Dei muito beijo na boca”
Na televisão, seu primeiro e maior sucesso foi “Top Model”, que conseguiu um público, segundo Henrique, sem fronteiras: de crianças a jovens e adultos. Ringo também foi especial porque estava vivendo os mesmos dilemas adolescentes que o ator. “Rolava uma identificação com o personagem, um adolescente descobrindo a vida sexual, com interesse por mulheres mais velhas.”

Ringo terminou o último capítulo com uma ruiva bem mais velha que ele. Já Henrique não chegou a tanto, mas diz que beijou muito na boca por conta do personagem. “Sempre falo pros meus amigos: quando se faz sucesso, se rompe uma barreira importante, que é a da aproximação. As meninas se aproximavam naturalmente, o gelo inicial era quebrado.”

Depois veio “Vamp” (1991), que foi um sucesso mais infantil. “Viramos até álbum de figurinhas. A novela se transformou quase numa comédia pastelão, e desta vez quem deu o tom foram Ney Latorraca e Patrícia Travassos. Era muito divertido.”

Henrique tinha o que podia ser chamado de emprego dos sonhos. Apesar do clima de brincadeira, no entanto, era grande a responsabilidade. “Na televisão, se você não consegue manter o ritmo, você dança. É estressante, tem que ter uma estrutura. Eu ainda tinha que estudar. Foi desgastante, mas me ajudou muito na vida profissional atual.”

Quando fez a novela “Olho no Olho”(1993) – aquela dos paranormais que lançavam raios através dos olhos – Henrique tinha 18 anos e estava totalmente engajado na carreira de ator. “Estudei teatro, fiz peças importantes como ‘Galileu Galileu’, do Brecht, e "À beira de um mar aberto", de Caio Fernando Abreu. "Cada peça era quase uma faculdade”, lembra. Nesta mesma época, sua então namorada engravidou, e deu à luz Matheus, hoje com 16 anos.

Vida tomou outro rumo
Mas o que parecia estar certo começou a ser dúvida com o passar do tempo. Os convites para a TV se tornaram escassos. O ator fez participações em “Malhação”, “Confissões de adolescente” e “Você decide”, mas nada que repercutisse como “Top Model”. “Fiz 'Comédia da vida privada’, um trabalho sensacional com João Falcão. Achei que iria me dar uma projeção, mas não aconteceu. Então decidi fazer Faculdade de Direito. Aí minha vida tomou outro rumo”, conta.

Mesmo na faculdade, Henrique ainda fez alguns pequenos trabalhos como ator, como um especial de Renato Aragão. “Em 97, até fiz um teste para uma novela. Estava tudo na boca para acontecer, mas a novela foi para a gaveta.”

Esta ducha de água fria somada às responsabilidades na faculdade acabaram por afastá-lo da vida artística. “Para ser bom em algo, tem que se dedicar. Resolvi canalizar minhas energias para o Direito.”

Apesar de demonstrar alguma frustração por ter abandonado a carreira, Henrique não culpa ninguém senão a si mesmo. “Acho que foi culpa minha eu ter desistido de correr atrás. Uma vez o Cecil Thiré me disse: ‘Não se deve confundir a carreira artística com a carreira na Globo’”.

O hoje advogado trabalhista Henrique Farias está feliz com a guinada que deu na vida. “O passado como ator me ajudou a ser desinibido, articulado. E rola a mesma quebra de barreira que permitia as meninas se aproximarem de mim na adolescência. Agora são os juízes que dizem que me conhecem”, diz ele, que até toparia fazer pequenos papéis na TV. “Mas não abandonaria o Direito pela arte. Não vou dar outra virada de 360º na minha vida.”

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