Ontem no fim de tarde, zapeando o controle remoto foi difícil encontrar um canal que transmitisse um pouco de paz, sossego e humor nas suas programações para um espectador à procura de um bom entretenimento no horário.
Na BAND e Record, as tragédias da vida real exibidas nos respectivos policialescos 'Brasil Urgente' e 'Cidade Alerta', no último o apresentador, enquanto dá coices na equipe, narra o noticiário da violência como um felino ronronando, cheio de 'charme', dando a ênfase aos crimes bárbaros ou as perseguições aéreas que serão colocados na tela a seguir, depois de um discurso bastante exaustivo.
No SBT um programa de "comportamento" dublado, onde reina a baixaria e o constrangimento da vida alheia com as mediações de uma doutora, intransigente, moralista, rígida, que não sorri; mas parece uma vilã de novela mexicana com aquela expressão paralisada de sobrancelhas levantadas e cabelos naufragados no laquê, é o 'Caso Encerrado', encerra mesmo com a dignidade humana, sem nenhuma sobriedade.
Vamos para a Globo, afinal lá é o reino da salvação da má televisão. Embora se trate de um trabalho elogiado e bem costurado pelas autoras Thelma Guedes e Duca Rachid, lá encontro o Carmo Dalla Vecchia vivendo o intragável Manfred Hauser surtando, gritando, babando de ódio porque é rejeitado por seu suposto pai milionário e também mau como um pica-pau. Mas tem as gracinhas do pessoal do teatro na trama para contrabalancear, e aí, apesar de não concordar com um ator que diz não gostar de teatro, nesse caso do folhetim, o Caio Castro teria razão em não apreciar aquele grupo teatral de humor raso, ainda que com a presença daquelas periguetes loiras da época. É um fio de comédia, superficial numa história muito séria para o horário das 6, cheio de antecessoras cujos romances e simplicidades eram mais palatáveis para quem chega de um dia de trabalho desgastado fisica e emocionalmente.
Não é uma questão de ver à vida a superfície das coisas, só acho que o horário das 18h merecia um pouco mais de alegria, amor e um filtro de imagem mais claro, iluminado, suave, longe da escuridão da fotografia de Jóia Rara, dos GC's em vermelho e azul do Brasil Urgente e Cidade Alerta e do tom marrom de um telebarraco que atende pelo nome de Caso Encerrado.
Depois reclamam da fuga dos telespectadores da TV aberta.
É um desinteresse mútuo. Quem é da TV, não quer criar algo novo, relevante, prefere a acomodação, e o que é mais fácil; quem assiste TV cansa da mesmice e segue para a internet, os DVD's, as SKY's e Claro TV's da vida.
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