Divulgação/SBT |
A Record e o SBT sempre tentaram conversar comigo e eu sempre, muito educadamente, disse que estava bem satisfeito na Band. Mas a proposta que o SBT me fez, de condições de trabalho para colocar o programa no ar, para o dia a dia do programa, para o programa ter mais movimento, foi bem irrecusável. O SBT me ofereceu uma estrutura muito grande, e eu vou ter mais um dia. Na Band eu tinha de terça a sexta, e eles iam tirar a sexta-feira. O SBT está me oferecendo de segunda a sexta. Ou seja, a Band ia tirar um dia meu e o SBT está oferecendo outro.
Fora isso, tem as condições de bastidores. O SBT oferece uma estrutura melhor, que vai de figurino a cenografia, a condições para a gente colocar em prática muitas piadas. Era muito difícil... Você vê esses late night americanos. Tem a Chelsea Lately, às vezes ela faz piadas que são esquetes curtíssimas. Outras vezes as piadas são matérias nas ruas, externa e tal. Era muito difícil a gente levar... O Agora É Tarde era um programa muito difícil, era feito com muita garra de todo mundo que estava no bastidor para ele não perder a qualidade.
Aliás, quando o SBT veio conversar, nessa última conversa, essa decisão foi em grupo. Não foi eu quem bati o martelo e falei ‘Vamos agora mudar’. Sempre deixei claro tanto para o SBT quanto para as pessoas que trabalham comigo que o programa só vai funcionar se todo mundo estiver feliz. Isso é primordial. O programa só funciona como funciona porque ele é de verdade. No bastidor, está todo mundo rindo, todo mundo se divertindo. As coisas mais engraçadas que aconteceram no Agora É Tarde ninguém viu porque foi no bastidor. Então, essa atmosfera, esse clima, precisa ser preservado, senão o programa não vai funcionar. Por isso que tentaram tantas vezes fazer talk show e dificilmente dá certo. Não pode ser uma coisa biônica, tem de ser orgânica. Talk show é conversa e nenhuma conversa é agradável, é divertida, se não for de verdade. Então [ir para o SBT] sempre foi uma decisão em grupo. Sempre deixei claro que se uma pessoa, duas pessoas, não quisessem ir, a gente não iria. Então, estava todo mundo muito confortável com a mudança, inclusive o [Marcelo] Mansfield.
Porque Marcelo Mansfield não foi para o SBT?
O Mansfield também estava [de mudança para o SBT] e ninguém entendeu nada o que aconteceu. Durante essa negociação, deixei claro três coisas que eu não faria. Eu não faria leilão, eu não fiz leilão. Também esperei acabar meus compromissos do ano com a Band. E também não assinaria contrato às escondidas, chegar na Band e falar ‘Assinei contrato, estou indo embora, tchau’. Jamais faria, por respeito à emissora em que tantos anos eu trabalhei. Tenho um grande respeito pela Band.
Por que estou contando tudo isso? Pra chegar no Mansfield. Então, na quinta-feira [13/12], depois do último dia de gravação, a gente se reuniu e falamos sobre nossa situação na Band e a proposta no SBT. Na Band, queriam diminuir o salário do Ultraje, não iam dar aumento para o Léo [Lins] e para o [Murilo] Couto, embora fosse época de renovação de contrato, e iam tirar um dia do Agora É Tarde [as sextas-feiras passariam a ter o melhor da semana]. Além disso, tinham cortado a minha equipe. Se já era pesado levar o programa, ficou mais pesado ainda.
Em compensação, se a Band estava tirando um dia, o SBT estava dando um dia a mais; se estavam reduzindo salário, o SBT estava dando aumento; se estavam diminuindo a minha equipe, o SBT estava aumentando a minha equipe. Outro fator decisivo é que minha equipe de bastidor vai ter condição de trabalho e salário melhores no SBT.
A decisão passou por todo mundo mesmo, pelo pessoal de bastidor, pelo elenco. Todo mundo viu qual era nosso futuro na Band e a qual era a proposta do SBT. E decidimos ir para o SBT, inclusive o Marcelo Mansfield. Na sexta-feira [14] eu tive uma reunião para informar que provavelmente assinaria com o SBT e ia todo mundo embora. E aí na sexta feira, depois que eu informei a diretoria da Band, recebi um SMS do Marcelo Mansfield dizendo que ele não era feliz no programa e que ia renovar o contrato dele com a Band. Ninguém entendeu nada. Teve uma reunião na quinta e ele a pessoa mais empolgada em ir para o SBT. Ele falava que lá ia participar de outros programas, que o salário ia ser maior, que ia ter vaga no estacionamento. Ele estava quase evangelizando as pessoas para irem para o SBT.
Programa de Natal Cancelado
O programa de Natal era um programa que eu sabia que seria bem maluco e que provavelmente corria o risco de não colocarem no ar. Assistindo o programa eu acho que não tem nada demais, a única coisa que tem de errado é que é um programa anti-Natal para passar no dia de Natal. Mas ali a gente já estava mais ou menos encaminhados. O veto não teve peso, não.
Liberdade de expressão e artística na BAND e no SBT
A Band já me deu liberdade de fazer muitas coisas que talvez em outros lugares eu não poderia. Milhares de outras vezes eu fiz coisas, falei coisas que provavelmente em outra emissora eu não falaria. E a Band segurou a bronca. Eu respeito muito essa decisão da Band.
Enquanto eu não tiver uma emissora de TV eu vou estar sujeito a vetos de todos os tipos porque só quando eu tiver minha emissora eu vou poder colocar no ar tudo o que eu quero. Mas estou bastante confortável e otimista porque em todas as conversas que eu tive com o Fernando Pelégio [diretor de Planejamento Artístico e de Criação do SBT], eu sempre deixei claro qual é o tom do programa. Eles sabem muito bem quem eles estão contratando, toda a liberdade de piada foi pré-conversada, pré-acordada, eles sabem que tipo de programa eles estão levando, para que tipo de gente eles estão abrindo a casa.
Ameaça de processo por causa do formato do 'Agora é Tarde
É. Tem umas coisas curiosas nesse negócio. É como a Globo processar o SBT ou a Band porque o Jornal do SBT e o Jornal da Band têm o mesmo formato do Jornal Nacional. É o formato do programa, um subgênero do talk show que se chama late night. O que eu faço é um talk show late night. O formato é esse e o horário também. Uma diferença entre um talk show e outro é a personalidade de quem faz o programa. Eu criei a reunião desse elenco. O nome? Eu que criei. O relacionamento entre o casting fui eu quem criei. É impossível processar por causa do formato.
É uma situação um pouco delicada a minha, porque embora eu tenha criado a maioria dos quadros, a produtora Eyeworks que registrou o nome e tudo o mais. O meu contrato é com a emissora, não com a produtora. Eu cedo toda a minha criação para a emissora, não para a produtora.
Quando eu entrei na Band, foi em 2008 para fazer o CQC. Em 2009, eu criei o Agora É Tarde, eu levei para a Elisabetta [Zenatti], que era diretora artística da Band, o projeto do Agora É Tarde, com o elenco. Estavam lá o Ultraje a Rigor, o Murilo Couto, qual era a proposta, o nome, quadros também. O negócio andou e em 2011 colocaram no ar. O meu contrato dizia que eu escolheria uma produtora para produzir o meu programa.
Então na verdade não foi a Eyeworks que me deu o Agora É Tarde. Fui eu quem deu o Agora É Tarde para eles. Só que o meu contrato de cessão de direitos é para a emissora, não para a produtora, só que está registrado pela produtora. Então me surpreende muito eles dizerem que vão me processar. Quem criou fui eu, não eles. Eu sempre pedi o crédito de criação do Agora É Tarde, e nunca me deram. Sempre disseram que não poderiam dar o crédito de criador do Agora É Tarde porque o formato já existiu. Me parece pouco possível me processarem por uma coisa que eu criei.
Mudanças no SBT
Eu disse para toda equipe, primeiro, que a gente está indo para o SBT para fazer um talk show late night, que é o que todo esse tempo todo mundo deu o sangue para tentar fazer da melhor maneira possível na Band. Então a gente vai continuar fazendo um talk show late night, com praticamente o mesmo elenco e as pessoas que ajudaram a fazer o bastidor.
Só que o que falei para toda equipe é que o público tem entendido que estamos indo para uma emissora maior, em estrutura e também em audiência. Então, é uma preocupação minha, que o elenco entenda, é que se a gente está indo para uma emissora maior, a gente tem que ficar maior também, fazer um upgrade no nosso próprio conteúdo. As piadas que eu faço, as piadas que o Leo e o Couto fazem, os quadros, tudo isso precisa ser melhorado. Se estamos indo para uma emissora maior e mais gente vai nos ver, a gente precisa afinar muito mais, lapidar o que a gente tem feito. É preciso entender que a nossa essência vai estar ali, mas temos de fazer um upgrade na nossa própria carreira, no nosso próprio tom de comédia, amadurecer, sem perder a graça e sem perder o humor. O objetivo é dar um upgrade não só na produção, na coisa física, mas no nosso tom, nas nossas piadas.
A ideia é essa, se apresentar para novas pessoas, fazê-las embarcar na proposta do programa.
Proposta da Record
Na verdade, não é que cheguei a negociar com a Record. Sempre procurei ter uma relação muito amigável com todas as emissoras porque o programa precisa para ter o casting das outras emissoras. Houve uma tentativa de conversa com a Record, mas o SBT me atraiu porque tem o histórico do Jô Onze e Meia. Então é bastante significativo estar no SBT. E o SBT está montando uma grade que é bem parecida com a que eu tinha na Band e eu gostava muito que é eu, o jornal e o Otávio Mesquita.
Além disso, o SBT tem um ambiente, um bastidor muito amigável. As pessoas acham que isso é besteira, mas não é. Para que o programa funcione, isso é essencial, as pessoas em casa enxergam isso, sabem que o programa é de verdade. Esse ambiente é um ganho para quem trabalha nos bastidores.
Data da estreia no SBT
A gente quer estrear no início da temporada, logo após o Carnaval.
Produção do novo programa
Estou implantando desde uma semana antes do Natal. Já estou organizando organograma, estruturando o bastidor.
Fonte:Daniel Castro, Notícias da TV
http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/danilo-gentili-critica-band-e-diz-que-precisa-melhorar-piadas-no-sbt-1701
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