domingo, 20 de março de 2011

O Reencontro de Pinpoo e sua dona


Dessa vez era verdade. Após quase 15 dias, o cachorro Pinpoo foi encontrado quarta-feira à noite dentro do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e entregue a sua dona, Nair Flores, por agentes da Brigada Militar (a polícia gaúcha). "Não precisa de DNA. É ele com todos os defeitos e manias. Finalmente uma notícia verdadeira. Estou emocionada", comemorou a aposentada. O assunto, bem repercutido, virou um dos mais comentados no Twitter, tanto na lista nacional quanto na mundial.


Toda dúvida que foi criada em torno do outro animal encontrado nesta semana não houve com o cão achado ontem. "Quando ele foi colocado no chão, veio voando para o meu colo. Ele pulou, me beijou, me acariciou. E apesar de estar sujo, eu também o beijei", disse dona Nair, feliz.


Desaparecido desde o último dia 2, o animal parece não ter deixando a região do terminal aéreo, onde o drama começou. De viagem para Vitória, ela despachou na capital gaúcha o animal que nunca chegou ao seu destino. Ao saber, Nair começou a procurar Pinpoo nos arredores do aeroporto.



O sargento do Batalhão de Aviação da Brigada Militar, Paulo Roberto Ribas da Silva, percebeu que o cachorro rondava o local há dias, provavelmente com fome e sede nos últimos dias. "Ele parecia assustado com a movimentação do local", disse. Acompanhando o caso pela imprensa, ele reconheceu Pinpoo pelas imagens da mídia e fotos distribuídas aos funcionários do aeroporto. "Acompanhei a entrevista da dona dele na imprensa e me comovi muito. Eu tenho dois cachorros e mexeu muito comigo ver o desespero dela."

Condoído com a história de Nair, bolou um plano para capturar Pinpoo. Com os colegas, começou a deixar iscas de ração para tentar se aproximar do cão. Conseguiram. "Coloquei comida em um pote e deixei dentro de uma sala. Ele entrou para comer a ração com pedaços de carne de galinha e eu o peguei", falou o policial, orgulhoso por ter encontrado o animal.


Então a mulher do sargento, responsável pela "ação de captura", ligou para Nair avisando do feito. "A esposa dele me ligou, você precisava ver a felicidade dela, e falou: 'Não precisa se preocupar porque é ele mesmo'", contou a dona do Pinpoo. Ela também fez questão de falar o policial "não é o infrator, e sim um herói", por ter alimentado o bicho dentro da área do aeroporto, o que seria irregular.



Machucados. Apesar da certeza pela felicidade do cão, outra comprovação de que esse era o verdadeiro Pinpoo surgiu: ele pediu o seu banho à seco (feito com spray) antes de dormir, no que foi prontamente atendido pela dona. Hoje, o animal vai ser levado ao veterinário para uma avaliação já que, segundo a dona, está com uma pata dianteira machucada. "Vou me dedicar a ele, dar um banho de verdade", afirmou.


Já o pé de dona Nair, quebrado nos primeiros dias de busca por Pinpoo, piorou após ela continuar a procurar o cachorro, mancando pela cidade. Ela foi ao médico ontem para tirar a tala e viu o pé escurecido e inchado. Trocou a tala por uma bota ortopédica, para facilitar, e deve voltar a visitar um hospital logo, mas só depois de cuidar do cão.


Gollog. Nair disse que pretende tomar as medidas necessárias contra a Gollog, empresa de transporte da Gol. "Eu tenho que levar esse caso adiante. As pessoas precisam saber que me importo com os outros cães, não quero que isso aconteça a ninguém", disse.


Sobre o falso Pinpoo, ela disse que não pôde fazer nada. Ela precisou deixar o animal no veterinário que a empresa contratou. "Assinar o termo de recebimento seria reconhecer que o cão é o Pinpoo e isentaria a empresa da responsabilidade pela perda do meu animal de estimação", justificou Nair.


Ela percebeu que o cachorro não era o dela após ele tomar banho. A pelagem estava mais clara e ele continuava a não reagir com alegria à presença dela. Diante do impasse, o suposto Pinpoo ficou internado à espera de uma decisão da empresa e provavelmente será encaminhado à adoção.


A assessoria de imprensa da Gollog informou também que a empresa considera o caso "atípico" porque já transportou mais de cem mil animais sem ter qualquer problema semelhante.


(Com Elder Ogliari, de O Estado de S.Paulo)

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