sexta-feira, 25 de junho de 2010
Juca kfouri comenta Brasil X Portugal
0 a 0 lutado e vaiado
Com 10 minutos só se ouve a torcida brasileira no estádio, hoje bem mais quente, talvez contagiada pelo calor em Durban.
Mas, também, pudera: a Seleção Brasileira tinha absoluto domínio do jogo.
E já tem coro chamando Cristiano Ronaldo de viado. Coisas nossas.
A primeira pontada lusa demorou 14 minutos e no minuto seguinte, por uma segunda entrada violenta em Pepe, Luís Fabiano levou um cartão amarelo bobo.
E Coentrão é quem mais bota fogo no jogo.
Por quatro vezes já Daniel Alves teve bolas importantes no pé e não se saiu bem. O que há com ele, que já não entrou bem contra Costa do Marfim?
Lúcio e Juan parecem ter combinado de deixar Cristiano Ronaldo de castigo e não deixam pegar na bola.
Entre Júlio Baptista, Nilmar e Daniel Alves, o primeiro é quem está melhor.
Juan mete a mão na bola para cortar um contra-ataque e leva o amarelo. Por querer que fosse o vermelho e reclamar, Duda também é amarelado.
Cristiano Ronaldo bate a falta para alto mar.
Os brasileiros têm mais a bola, nada menos do que em 64% do tempo.
Fazer o que com ela é a questão.
O jogo não é de mãe para filho, de pai para filho ou entre irmãos.
É pau puro mesmo e os brasileiros batem mais.
Aos 29, Luís Fabiano acha Nilmar que, meio sem ângulo, chuta, e o goleiro Eduardo espalma na trave. Um pecado!
No contra-ataque, Tiago simula um pênalti e leva o amarelo.
Júlio Baptista erra um passe fácil e Cristiano Ronaldo só não vai parar no gol porque estava impedido.
E Felipe Melo é quem melhor arma no meio de campo brasileiro.
Júlio Baptista dá um chutão numa dividida e Luís Fabiano quase aproveita.
Se sai gol, segurem o Dunga!
Em, compensação, Nilmar dá lindo chapéu em Bruno Alves (nenhum parentesco com Daniel), mas erra a conclusão. Se acerta…
Trombada lusa entre os Ricardos Carvalho e Costa, aos 38, faz o estádio dar risada.
Maicon vai à linha de fundo e cruza na cabeça de Luís Fabiano, que cabeceia certo, no chão, e bola raspa a trave.
Já era para o Brasil estar na frente.
Agora, aos 42, é a vez de Felipe Melo abrir a caixa de ferramentas, desnecessariamente, e levar o seu cartãozinho.
Parece que todo mundo aposta na zerada dos cartões nas quartas-de-final.
Só que antes tem as oitavas…
E como Dunga de bobo nada tem, tira Felipe e põe Josué.
O primeiro tempo acaba com sete (4 a 3 para os lusos) cartões amarelos.
Como se os portugueses quisessem vingar os recentes 6 a 2 no amistoso de Brasília.
E como se os brasileiros, no pau e na bola, quisessem vingar a derrota de 3 a 1 na Copa de 1966, na Inglaterra, quando Pelé foi caçado em campo e o Brasil eliminado na primeira fase.
Mas ninguém nem tinha nascido, então.
Apesar disso, permanecendo o empate, Brasil e Portugal não terão de mexer em seus planos, na logística planejada para as oitavas.
Sim, é claro que o Brasil planejou terminar em primeiro lugar no seu grupo.
Sim, e é claro, também, que Portugal se planejou para ser o segundo.
Por falar em segundo, o primeiro lance agudo do segundo tempo acontece com Cristiano Ronaldo, desarmado por Lúcio na linha de fundo.
Gilberto Silva não se cansa de errar passes fáceis.
E a Seleção não recomeça bem o jogo.
A arte do passe está quase tão esquecida como a arte do drible.
Coentrão, por exemplo, deu um com açúcar, mas para Nilmar que, no entanto, foi facilmente desarmado.
A bola só chegou ao gol luso aos 12 minutos, numa cabeçada fraca de Luís Fabiano.
Aos 15, Gilberto Silva errou mais um passe e armou o contra-ataque luso, com Cristiano Ronaldo que, desta vez, deixou Juan para trás, foi desarmado na hora agá por Lúcio que, no entanto, deu a bola para Raul Meireles que desperdiçou na dividida com Júlio César, na melhor chance de gol do jogo. Um sustaço!
Portugal, agora, joga melhor.
Carlos Queiroz dá sinais de desconsolo e Dunada de impaciência nos bancos.
E Cristiano Ronaldo, fominha como ele só, segue errando nas cobranças de faltas.
O jogo adormece.
Lúcio tenta acordá-lo, indo à frente. Em vão.
O 0 a 0 previsível num jogo de compadres não está estampado no placar por compadrio, em verdade, mas por incompetência.
Diante disso só resta aos torcedores, mais de 62 mil, fazer olas.
Olas e vuvuzelas. É mole?
Aos 31, Cristiano Ronaldo tem sua primeira chance real de marcar, mas fica nisso.
Jorginho diz a Dunga que o time tem de tocar a bola.
Dunga bronqueia, porque o time tenta, mas erra muito.
O jogo hiberna em meio a um barulhão ensurdecedor.
O Brasil, ao menos, deixa de correr riscos e, aos 42, conseguiu seu primeiro escanteio no segundo tempo.
Com 69% de posse de bola brasileira, o 0 a 0 é o resultado final.
Menos mal: o Brasil sempre que foi campeão o fez de maneira invicta.
Mas o lindo estádio de Durban merecia mais. Bem mais.
E vaia.
Notas:
Júlio César foi sempre bem, como sempre: 8;
Maicon hoje teve de ficar: 6;
Lúcio não errou uma: 8
Juan perdeu duas e levou um cartão: 5,5
Michel Bastos foi de pouca utilidade: 5
Gilberto Silva abusou: 4,5;
Felipe Melo era o melhor quando perdeu a cabeça: 6;
Júlio Baptista começou bem e caiu com o time: 6
Daniel Alves decepcionou quem apostava que ganharia a posição: 5,5;
Nilmar também deveu: 5,5;
Luís Fabiano sem luz: 5,5
Josué foi burocrático e não melhorou o passe: 5,5;
Ramires e Grafite sem tempo e nota.
Dunga não tem do que se queixar pois teve seu objetivo atingido: 6
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