terça-feira, 29 de junho de 2010
Entrevista com Taís Araújo
Acho que escolhi ser atriz e jornalista para poder falar do outro, tanto por meio dos personagens como pelas matérias que escrevo. São profissões que me permitem fugir da essência do que é a Taís Bianca Gama de Araújo, carioca do Méier, 30 anos, além de alertar sobre os problemas da sociedade e alimentar a minha pretensão de mudar o mundo. Mas acho que foi uma maneira que encontrei de sair do foco, de ocultar minhas angústias, meus medos. Foi por isso que fiquei com uma sensação estranha quando a Marie Claire pediu para escrever sobre mim.
Logo que recebi o convite, pensei: “Será que aceito? Sei falar de mim?”. Percebi que se negasse estaria fugindo de um dos meus maiores medos: me avaliar, me olhar com distanciamento e me julgar. Demorei alguns dias até tomar coragem, chegar na frente do computador e escrever: do que gosto? O que é fundamental pra mim? O que sonho? O que faria? Aonde quero chegar? Resolvi então me fazer perguntas, como numa entrevista real, como se não me conhecesse e não soubesse nada, sem pensar na exposição, sem limites.
Para ficar claro quem pergunta e quem responde para as leitoras, decidi chamar a repórter de TA (Taís Araújo) e a entrevistada de Ta (meu apelido).
TA Vamos começar pelo que seria o fim da entrevista. O que você espera da sua vida nos próximos anos?
Ta [Pausa e uma respiração profunda] Espero ter filhos, pelo menos dois. Quero ter filhos, acho que são os 30 anos, não acreditava quando ouvia as outras mulheres dizendo que quando eu fizesse 30 meus hormônios gritariam por filhos e bastou passar meu aniversário para esse desejo bater forte. Quanto ao lado profissional, quero partir para a segunda produção de uma peça, fazer cinema e continuar nas novelas. No fundo, só quero construir minha família e ter uma carreira mais estável.
TA Mas você tem uma carreira estável, são 16 anos! Quer mais ?
Ta Sim, quero mais, tenho minhas inseguranças. Quando você me fez a pergunta acima, projetei uma vida para daqui a cinco, seis anos. Seria lindo que tudo estivesse como descrevi. Quero fazer cinema, que é um meio em que desejo entrar e que ainda não me absorveu . Estaria fazendo teatro, que ainda não me sinto completamente à vontade, já que ele me desafia a cada espetáculo. Também não tenho certeza de que a TV — que amo fazer, sem a menor demagogia! — ainda vai me querer lá dentro. Viu quais são as minhas inseguranças quanto à profissão? O pior é que são todas possibilidades reais! Por isso dou a cada trabalho o melhor que eu consigo.
TA O que é fundamental na sua vida?
Ta Minha família: meus pais, minha irmã, meus sobrinhos, meus tios, meus primos e meu marido. Minha família é muito animada, unida e amorosa! Temos defeitos — como todas —, mas sabemos a importância que temos um para o outro. Eles me fortalecem e me enlouquecem. E é por isso que não consigo ficar sem.
TA Qual é a sua origem?
Ta Nasci em uma família de classe média. Meu pai é economista e minha mãe pedagoga. Nasci no Méier, um bairro da zona norte do Rio. E adoro dizer que sou de lá.
TA Por quê?
Ta Porque eu gosto da cultura da zona norte do Rio. Sinto saudade da pureza e da simplicidade genuínas do que vivi na minha infância. Saí de lá aos oito anos de idade. Eu tenho orgulho, amigos e ótimas lembranças do tempo que vivi lá. No dia de Cosme e Damião, por exemplo, eu e outras crianças percorríamos as casas pedindo balas. A festa de São João era nas ruas. Era uma delícia. Quando mudei para a Barra, não tinha nada disso.
TA Você tem religião?
Ta Fui batizada na Igreja Católica. Rezo todas as noites: Pai Nosso, Ave Maria, Salmo 91. Adoro Santa Terezinha. Mas sou brasileira, né? Sigo tudo. Sou filha de Oxum Apará [orixá dócil, vaidosa e guerreira] . E gosto de astrologia! Sou sagitariana com ascendente em gêmeos. Deve ser por isso que eu falo pelos cotovelos [risos] .
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