domingo, 27 de dezembro de 2009
A Seguir Cenas do Próximo Capítulo:Livro revela curiosidades e segredos dos bastidores das novelas
Você sabia que Gilberto Braga queria Yoná Magalhães no lugar de Sonia Braga em “Dancin’ days”? Que Fernanda Montenegro recusou o papel da primeira Helena de Manoel Carlos? Que Benedito Ruy Barbosa é o autor mais bem pago da Globo? Essas e outras curiosidades sobre as novelas e sobre seus verdadeiros protagonistas — os autores — estão no recém-lançado livro “A seguir, cenas do próximo capítulo” (Panda Books, R$ 45). Escrito pelos jornalistas (e noveleiros) André Bernardo e Cintia Lopes, o livro traz grandes entrevistas com os dez autores mais importantes do país ainda em atividade: Aguinaldo Silva, Benedito Ruy Barbosa, Carlos Lombardi, Gilberto Braga, Gloria Perez, Lauro César Muniz, Manoel Carlos, Silvio de Abreu, Walcyr Carrasco e Walter Negrão (leia trechos de algumas delas nos quadros). — Todos foram muito receptivos à ideia do livro, que só existiria se todos esses nomes topassem. Ele se sentiram à vontade e falaram de temas delicados — conta Cintia. O autor Manoel Carlos se emociona ao lembrar o filho Ricardo, morto aos 33 anos. Carlos Lombardi comenta a dificuldade de trabalhar com alguns diretores, e Aguinaldo Silva fala das ameaças que já sofreu e da briga histórica com Dias Gomes. Benedito, por sua vez, conta como foi abandonar “Esperança” para cuidar da saúde. Os autores também rememoraram os grandes sucessos, mas não deixaram fora os fracassos da carreira. — Antes de publicarmos o livro, enviamos os textos para os autores e nenhum deles mexeu em nada. Isso também deixou a gente muito feliz — diz Cintia. “A seguir, cenas do próximo capítulo” traz também capítulos de algumas tramas de sucesso, como “Vale tudo” e “Alma gêmea”. É a chance de o público conhecer como uma novela é escrita.
A Seguir Cenas do Próximo Capítulo:Livro revela curiosidades e segredos dos bastidores das novelas
Veja trechos da entrevista de Manoel Carlos
“Escrever o capítulo de manhã depois de assistir ao de hoje (ontem) é o meu sonho impossível. O da dramaturgia ao vivo, como nos anos 1950. Dar ao público a emoção do ‘fazer fazendo’ e do ‘viver vivendo’. Sobre o atraso na entrega dos capítulos, isso já virou folclore. Na Globo, não chamam isso de atraso, mas de estilo.” “Eu nunca escrevi uma novela pensando exclusivamente em entreter. Não sou animador de auditório.” “Meu filho Ricardo foi meu parceiro não apenas em ’O cometa’ (1989), mas na minissérie ”Viver a vida“ (1984), na Manchete. Quanto à perda do filho, essa é uma dor insuperável. Depois de um tempo, você para de chorar, mas nunca de sofrer. O Rick e eu tínhamos muitas afinidades, independentemente de sermos pai e filho. Guardo tudo o que foi dele nos 33 anos em que viveu.”
“Escrever o capítulo de manhã depois de assistir ao de hoje (ontem) é o meu sonho impossível. O da dramaturgia ao vivo, como nos anos 1950. Dar ao público a emoção do ‘fazer fazendo’ e do ‘viver vivendo’. Sobre o atraso na entrega dos capítulos, isso já virou folclore. Na Globo, não chamam isso de atraso, mas de estilo.” “Eu nunca escrevi uma novela pensando exclusivamente em entreter. Não sou animador de auditório.” “Meu filho Ricardo foi meu parceiro não apenas em ’O cometa’ (1989), mas na minissérie ”Viver a vida“ (1984), na Manchete. Quanto à perda do filho, essa é uma dor insuperável. Depois de um tempo, você para de chorar, mas nunca de sofrer. O Rick e eu tínhamos muitas afinidades, independentemente de sermos pai e filho. Guardo tudo o que foi dele nos 33 anos em que viveu.”
A Seguir Cenas do Próximo Capítulo:Livro revela curiosidades e segredos dos bastidores das novelas
Veja trechos da entrevista de Aguinaldo Silva
“Vou falar uma coisa que nunca falei com ninguém. Depois de ‘Roque Santeiro’ (1985) fiz ‘Tieta’ (1989), ‘Pedra sobre pedra’ (1992), ‘Fera ferida’ (1993) e ‘A indomada’ (1997). Fiz essas quatro novelas no mesmo tom só para mostrar para as pessoas que quem escreveu ‘Roque Santeiro’ (assinada por Dias Gomes) fui eu.” “A verdade é que ‘Porto dos milagres’ (2001, com direção de Marcos Paulo) foi traumática para mim. Sabe essa coisa do diretor dizer que não sabe fazer? Pois é. Depois de ’Porto’, pensei até em não escrever mais novelas.” “Eu acho que a Academia (Brasileira de Letras) está comendo mosca por não receber autores de novela.” “Não tenho intimidade com nenhum outro autor da Globo... Não tenho uma relação com o Gilberto (Braga), menos ainda com Manoel Carlos. Já nos encontramos várias vezes em livrarias. Ele me reconhece, eu o reconheço, mas ninguém se fala.”
“Vou falar uma coisa que nunca falei com ninguém. Depois de ‘Roque Santeiro’ (1985) fiz ‘Tieta’ (1989), ‘Pedra sobre pedra’ (1992), ‘Fera ferida’ (1993) e ‘A indomada’ (1997). Fiz essas quatro novelas no mesmo tom só para mostrar para as pessoas que quem escreveu ‘Roque Santeiro’ (assinada por Dias Gomes) fui eu.” “A verdade é que ‘Porto dos milagres’ (2001, com direção de Marcos Paulo) foi traumática para mim. Sabe essa coisa do diretor dizer que não sabe fazer? Pois é. Depois de ’Porto’, pensei até em não escrever mais novelas.” “Eu acho que a Academia (Brasileira de Letras) está comendo mosca por não receber autores de novela.” “Não tenho intimidade com nenhum outro autor da Globo... Não tenho uma relação com o Gilberto (Braga), menos ainda com Manoel Carlos. Já nos encontramos várias vezes em livrarias. Ele me reconhece, eu o reconheço, mas ninguém se fala.”
A Seguir Cenas do Próximo Capítulo:Livro revela curiosidades e segredos dos bastidores das novelas
Veja trechos da entrevista de Gilberto Braga
“Para contar uma história de 200 capítulos, acho que vale tudo, não é? Mas o da Odete Roitman, o mais famoso de todos, só durou nove capítulos. Eu não diria, portanto, que Odete tenha morrido para alavancar audiência alguma” (sobre o recurso do “quem matou?”). ”Obra-prima me parece uma palavra ambiciosa. Mas é, sem dúvida, a novela mais forte que fiz. Acho ‘Corpo a corpo’ (1984) a minha melhor novela, mas não é tão lembrada“ (sobre ”Vale tudo“, de 1988). ”A parceria com Herval Rossano não foi das mais fáceis... Ele gostava de trabalhar com atores que o adulassem. Lucélia Santos, por exemplo, nunca foi meu sonho como Isaura. Por mim, teríamos escolhido a Louise Cardoso.“
“Para contar uma história de 200 capítulos, acho que vale tudo, não é? Mas o da Odete Roitman, o mais famoso de todos, só durou nove capítulos. Eu não diria, portanto, que Odete tenha morrido para alavancar audiência alguma” (sobre o recurso do “quem matou?”). ”Obra-prima me parece uma palavra ambiciosa. Mas é, sem dúvida, a novela mais forte que fiz. Acho ‘Corpo a corpo’ (1984) a minha melhor novela, mas não é tão lembrada“ (sobre ”Vale tudo“, de 1988). ”A parceria com Herval Rossano não foi das mais fáceis... Ele gostava de trabalhar com atores que o adulassem. Lucélia Santos, por exemplo, nunca foi meu sonho como Isaura. Por mim, teríamos escolhido a Louise Cardoso.“
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Veja trechos da entrevista de Gloria Perez
“Outra cena que não posso esquecer é a dela (Janete Clair) no hospital, frágil, consumida pela doença, me entregando o último capítulo que tinha escrito à mão. Janete amava profundamente o que fazia.” “O assassino se defendia transformando minha filha praticamente numa personagem de novela, inventando histórias absurdas a respeito dela... Quando vi que, apesar de ridícula, a história rendia especulações, senti que precisava defendê-la e, para tal, tinha de fazer o esforço sobre-humano de ser mais forte que a dor. Por isso, continuei a novela (‘De corpo e alma’, de 1992).” ”Na minha opinião, há uma cena bem mais forte que a do beijo, que é aquela em que os dois personagens se dão as mãos, encostados na parede. Lembra dela? Mas, como ninguém falou nada, a emissora liberou“ (sobre a polêmica do beijo gay em ”América“).
“Outra cena que não posso esquecer é a dela (Janete Clair) no hospital, frágil, consumida pela doença, me entregando o último capítulo que tinha escrito à mão. Janete amava profundamente o que fazia.” “O assassino se defendia transformando minha filha praticamente numa personagem de novela, inventando histórias absurdas a respeito dela... Quando vi que, apesar de ridícula, a história rendia especulações, senti que precisava defendê-la e, para tal, tinha de fazer o esforço sobre-humano de ser mais forte que a dor. Por isso, continuei a novela (‘De corpo e alma’, de 1992).” ”Na minha opinião, há uma cena bem mais forte que a do beijo, que é aquela em que os dois personagens se dão as mãos, encostados na parede. Lembra dela? Mas, como ninguém falou nada, a emissora liberou“ (sobre a polêmica do beijo gay em ”América“).
A Seguir Cenas do Próximo Capítulo:Livro revela curiosidades e segredos dos bastidores das novelas
Veja trechos da entrevista de Carlos Lombardi
“Pode até ser que, futuramente, a Record vire uma opção legal, mas ainda é meia-boca. Além do mais, patrão é patrão em qualquer lugar.”
“A etapa mais difícil de uma novela é administrar o ego do diretor... A Globo é a única televisão do mundo em que o diretor tem importância.”
“Preconceito, se você parar para pensar, existe contra tudo e contra todos. Contra ex-modelo, então, nem se fala. Jardel Filho, quando morreu, era considerado um grande ator. Mas ele só começou na carreira porque o Ziembinsky (ator e diretor) se apaixonou por ele na praia, onde Jardel fazia programas...”
“Aos 28 anos de idade eu era cocainômano. Era viciadão. Se não tomasse um rumo ia morrer. Minha vida era uma droga.”