segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A Diferença entre Griselda e Dulce


Quem acompanha os acontecimentos nos bastidores da TV ouviu falar no desentendimento entre Aguinaldo Silva e Walcyr Carrasco. O motivo é a semelhança entre as tramas envolvendo mãe e filho respectivamente em “Fina estampa” e “Morde & assopra”. Aguinaldo registrou sua sinopse — com o enredo envolvendo um filho que renega a mãe — em 2009. Walcyr defende que sua novela foi lançada antes, em março deste ano. A briga foi ruidosa no Projac e chegou a reverberar no Twitter.


Mas, agora, com as duas produções no ar, tamanha disputa passa despercebida para quem é apenas espectador — ou seja, a maioria das pessoas. É que as diferenças entre um e outro folhetim são tantas que o motivo da discórdia — o rapaz que se envergonha de sua origem e da própria mãe — já não importa. Dulce (Cássia Kis Magro) e Griselda (Lilia Cabral) se parecem bem pouco.


Uma dupla de mãe e filho — disfuncional ou não — no centro de uma obra de teledramaturgia é um clichê já muito explorado na TV. Não foi inventado por Manoel Carlos, que retratou a relação filial em inúmeras novelas suas (a última delas, “Viver a vida”, girava basicamente em torno das personagens de Lilia Cabral e Alinne Moraes); nem pelo próprio Aguinaldo em “Senhora do destino”, centrada numa mãe que buscava a filha desaparecida.


Griselda, diferentemente de Dulce, é uma heroína positiva, vencedora. Não conquistará a empatia do público via a vitimização. Pelo contrário. Nos próximos capítulos da história de Aguinaldo, ela vai ganhar na loteria, ficará rica e os impasses familiares poderão mudar de figura. Seu filho, Antenor (Caio Castro), é um vira-casaca, traidor das origens, mas verdadeiro estudante de medicina. A Dulce de Walcyr — um excelente trabalho da atriz — é ingênua, derrotada e seu filho, um mentiroso, passou longe da universidade. Há algo de infantil naquela trama, que, afinal, é própria das 19h.


Dificilmente, alguém acompanhará o enredo de uma e se lembrará da outra. Como nem os autores previam, uma ideia coincidente não basta para tornar duas produções iguais. O estilo de cada um, se ele existe, se impõe naturalmente e faz a diferença.




Patrícia Kogut

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