domingo, 20 de março de 2011

Comandante Hamilton do 'Datena'


Às 16h45 da última terça-feira, Hamilton Alves da Rocha deu partida em seu helicóptero, com câmera externa e capacidade para três pessoas. "Parece que teve troca de tiros na Dutra, com os caras fortemente armados", disse. "Vamos para lá."
A 150 metros de altura, acelerou a 180 km/h. Comunicou-se com a equipe de terra da Band: "Ô, Kleberson, se quiser mandar alguém, está tendo perseguição na Dutra." Depois, comentou: "Como a gente tem muito contato na polícia, acaba passando as pautas. São mais de 20 anos nisso."
Hamilton Alves da Rocha -o comandante Hamilton- é o repórter aéreo mais conhecido do país. Tem presença cativa, de segunda a sexta, no "Brasil Urgente", apresentado por José Luiz Datena, na Band.
Caça engavetamentos, trocas de tiros e perseguições, como a ocorrida em São Paulo em outubro de 2010, que fez o programa alcançar 10,4 pontos de audiência -o dobro dos cinco pontos que tem em média (cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande SP). Além disso, comenta, ao vivo, as cenas. "Sou formado em jornalismo", explica.
Aos 54 anos, ele é sócio da Helicóptero Digital, empresa que possui dois modelos HD 44 News, equipados com câmera que amplia os objetos em 44 vezes. "Consigo filmar a placa de um carro." Um novo custa R$ 1,5 milhão.
As aeronaves são estilizadas, com uma assinatura do comandante na lataria e duas pequenas TVs na cabine. Em uma, Hamilton acompanha o programa de Datena. Na outra, vê a si mesmo, filmado por uma microcâmera, para que, quando solicitado a aparecer, saiba como está o enquadramento.
Experiente, já trabalhou para Record, Rede TV! e SBT, onde começou, em 1986, no "Domingo Legal".
O atual contrato com o "Brasil Urgente" permite que preste serviço a outras emissoras, desde que não apareça nos vídeos ou faça comentários. Normalmente, sobe no helicóptero acompanhado de seu filho Uan Gimenes Rocha, 26, encarregado das filmagens.
"Hoje é um dia com bastante turbulência", comentou, passando sobre a Sala São Paulo. "Geralmente o clima é pior à tarde. Mas fazer o quê? É o horário da atração."
Foi bruscamente interrompido pela voz de Datena, que já apresentava o programa: "Câmera no helicóptero! Quero saber a opinião do comandante Hamilton, que também é pai. O que você acha desse homicídio, comandante Hamilton?".
"Isso é um absurdo, né, Datena?", respondeu, de chofre, enquanto aparecia no ar. Em seguida, acrescentou: "Estamos chegando numa troca de tiros na Dutra".
"Daqui a pouco, perseguição policial com o comandante Hamilton. Os bandidos estão na rua", disse Datena.



VIETNÃ
Quinze minutos depois, Hamilton chegou ao local da ocorrência. Ao avistar dois helicópteros da polícia, avisou, pelo rádio: "Alô Band, sinal, sinal". Foi a senha para que Datena o convocasse: "Abre a câmera aí que vou deixar o Hamilton à vontade. O melhor do ar! O melhor do ar no mundo!".
Começou: "Datena, os bandidos estavam fortemente armados. Temos três corporações trabalhando juntas: Polícia Militar, Civil e Rodoviária". "É isso que a gente quer ver, Hamilton. As policias trabalhando juntas", respondeu Datena.
Subiu cerca de 100 metros acima dos helicópteros da polícia, que procuravam os suspeitos no mato. Passou a voar em círculos. "Se fico parado, não mudo o enquadramento, e televisão tem que ser dinâmica", justificou.
Datena gostou: "Que coisa impressionante essa imagem! Parece Vietnã. O helicóptero da polícia voando bem próximo ao mato. Um voo considerado dificílimo, de alta periculosidade. Estão chegando cada vez mais próximos dos marginais. O crime está encurralado!". Chamou os comerciais.
Hamilton aproveitou o intervalo para checar os sete canais de áudio que escuta ao mesmo tempo (equipe de terra, torre de comando, bombeiros, telefone celular e três da emissora). De repente, gritou: "Pegaram o cara ali. Acharam o cara. OK, Band? Acharam o cara".
Assim que o programa voltou, Datena anunciou a apreensão, concluindo: "Nesses 12 anos em que eu apresento esse programa, não vi uma operação dessas. É digno de um filme. E demonstra que a sociedade está protegida. Essas imagens representam o bem vencendo o mal". As cenas foram repetidas por quase uma hora.
Orgulhoso, Hamilton desligou o microfone e comentou: "Você viu que a gente derrubou um monte de matéria do programa?".
Desviando de um grupo de urubus, completou: "Agora vou averiguar uma ocorrência na Zona Norte. Ainda temos uma hora e meia de combustível."

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