quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cabral e Peregrino se confrontam no Debate da Globo

O clima esquentou no debate da TV Globo realizado nesta terça-feira com os candidatos a governador do Estado do Rio de Janeiro. No segundo bloco, o candidato Fernando Peregrino (PR) questionou o valor de uma propriedade de Sérgio Cabral (PMDB) informado à Justiça Eleitoral. Trata-se de uma propriedade no município de Mangaratiba, declarada por Cabral no valor de R$ 200 mil, mas estimada em R$ 4 milhões pelo jornal Valor Econômico.


“Peregrino, você está repetindo exatamente seus padrinhos Garotinho e Rosinha [ex-governadores do RJ]. Essa minha casa eu tenho há mais de 12 anos, sempre declarada no Imposto de Renda”, respondeu o candidato a reeleição, que, em seguida, partiu para o ataque. “Você não pode servir a esse jogo sujo dos seus patrocinadores. Não faça isso. Não fica bem pra você”.


O debate já começou polarizado entre os candidatos do PMDB e do PR. Logo no início, Peregrino indagou a Cabral se não era tráfico de influência o fato de que sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo Cabral, tenha como cliente a empresa concessionária responsável pelos trens urbanos da região metropolitana do Rio, que teve a concessão recentemente estendida por mais 20 anos.


Sérgio Cabral defendeu-se dizendo que sua mulher jamais havia advogado contra o Estado em toda a sua carreira profissional. E aproveitou para atacar o casal Garotinho, recordando que enquanto Anthony Garotinho era governador, sua mulher Rosinha era secretária estadual, e que quando foi Rosinha quem assumiu o governo do Estado, Garotinho foi seu secretário.


A polarização entre Cabral e Peregrino seguiu, ao ponto de Fernando Gabeira (PV), segundo candidato nas pesquisas de intenção de voto, ter dito já no quarto bloco: “Eu não gostaria de entrar na briga dos dois governos. Até porque não participei de nenhum deles.”


Segurança pública
Sérgio Cabral reconheceu que a segurança pública é hoje o maior problema do Rio de Janeiro, mas ressaltou a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). “Isso é uma meia política de segurança”, disse o candidato do PR.


Gabeira elogiou o avanço através das UPP, mas frisou não ser suficiente. O verde destacou o aumento da criminalidade em outras regiões do Estado, como a Baixada Fluminense, bem como o aumento na taxa de assaltos. Além disso, Gabeira taxou de “falso sucesso” a série de prisões contra milicianos.


“As milícias estão se estruturando de uma maneira tal que, quando elas são desarticuladas, vem um segundo escalão, vem um terceiro escalão (...) Nós estamos vivendo uma situação crônica e precisamos tratá-la de uma maneira mais profunda”, argumentou. Cabral, por sua vez, questionou por que Gabeira, durante os 16 anos em que foi deputado federal, não investiu parte da emenda parlamentar em segurança pública.


O verde defendeu-se afirmando que Cabral tem uma visão de segurança pública “limitada” e lembrou seus investimentos em programas sociais voltados à ocupação dos jovens através das artes e do esporte. Além disso, Gabeira chamou de “demagogia” querer culpar um deputado pelo problema da segurança no Rio.


Fernando Gabeira ainda chamou a atenção para a falta de discussões sobre o petróleo ao longo desta campanha eleitoral. Segundo ele, o Rio de Janeiro ainda não percebeu que é um estado petroleiro. Preocupado com o recente desastre ecológico ocorrido no Golfo do México, nos Estados Unidos, Gabeira ressaltou que o Rio precisa de investimentos e educação para aproveitar o petróleo sem depender dele. “O petróleo, além de sujo, acaba”, ressaltou.


Conforme o regulamento da TV Globo, só participaram do debate os candidatos com mais de 3% nas pesquisas de opinião de voto. Por isso, ficaram de fora os candidatos Cyro Garcia (PSTU), Jefferson Moura (PSOL) e Eduardo Serra (PCB).

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