quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Entrevista com Tiago Leifert


Os paulistanos que acompanham o Globo Esporte há mais de um ano já conhecem aquela figura simpática e falastrona como se fosse um convidado para o almoço de família. Mas, desde que o programa Central da Copa estreou em rede nacional, o jornalista e apresentador Tiago Leifert, 30 anos, tornou-se uma celebridade. Grande parte por causa do jeitão despojado e irreverente que injeta em suas participações. Na mais famosa delas, perguntou no ar o que o narrador Galvão Bueno, 59, ícone máximo do jornalismo esportivo da emissora carioca, achou sobre a campanha “Cala a Boca, Galvão”, fenômeno na internet. “Não tinha absolutamente nada combinado”, revela Tiago, em uma rara pausa para um lanchezinho em uma padaria no Jardim Botânico, Rio, cidade que precisou adotar há três semanas para participar da cobertura da Copa do Mundo. Confira, a seguir.

Como editor-chefe e apresentador do Globo Esporte de São Paulo, Você inovou os programas esportivos. Como foi o processo de criação?
Apresento o Globo Esporte de São Paulo há um ano e meio e sempre tive vontade de mudar. Fizemos um piloto e bancamos a ideia. Fazer programa para boleiro é moleza, o difícil é falar para quem não gosta de futebol. E nosso objetivo no Central da Copa sempre foi esse. Entramos depois do Fantástico no domingo e, durante a semana, nós somos o último programa dentro do Jornal da Globo.

Alguma vez levou bronca da Globo por determinadas brincadeiras? Você fez piada até com o Galvão Bueno...
As pessoas tem uma imagem muito errada da Globo. É tudo na base da conversa. Não tinha absolutamente nada combinado e algumas pessoas até perguntaram: mas será que ele não vai ficar bravo? Ele achou superengraçado. A campanha é uma brincadeira brasileira. É como se ele fosse aquele tio que mandamos calar a boca. Galvão é nosso principal narrador e, de cada dez televisores, oito estão (sintonizados) nele. Tem gente que diz: “a Globo não sabe dar risada dela mesma”. E, realmente, ninguém esperava a brincadeira (risos).

Na Copa, você fica no ar praticamente o dia todo. Como é a sua rotina?
Estou no Rio há três semanas e ainda nem consegui pisar na praia. Acordo às 9h, tomo café, assisto ao jogo das 11h e almoço correndo na sequência. Só vou parar de novo às 22h. Depois da primeira partida, vou para emissora e fico enfurnado na Central até as 19h. Fazemos uma reunião rápida, gravo chamadas e me preparo para a edição do programa no Jornal da Globo. Só retorno ao hotel às 3h da manhã. No fim da jornada, eu alterno o jantar: um dia pizza e cheeseburger, outro dia cheeseburger e pizza (risos). Minha noite é trash! Tenho dormido seis horas, mas é divertido.

Com tantos jogos de futebol, você não sonha com o tema?
Não. O que escuto é o barulho da vuvuzela. É um inferno. Eu uso fone de ouvido na Globo e fica aquele “fueeeeeeeeeeeeeim” (ele imita fielmente o som da corneta). Até na hora de tomar banho, eu escuto a vuvuzela.

Você convive quase 24 horas com o Caio Ribeiro, exjogador e comentarista da Globo. Como é a relação?
Bem, não dividimos quartos no hotel! Eu consegui brigar por suítes individuais (risos). Caio virou um grande amigo. É impossível não gostar dele. Em dez minutos de conversa, você se apaixona.

Você conseguiu conquistar até o público feminino. Já virou símbolo sexual?
O público feminino aumentou por causa do charme do Caio (risos). Ele é essa figura fofa, a figura bonitinha do programa. Eu recebo muitas propostas pela internet, meu Twitter cresceu demais e 90% dos seguidores são mulheres. Entretanto, eu tenho total noção do poder embelezador da televisão (risos). Eu sei do meu potencial e não tem nada a ver com o cara da televisão. Não deixo subir à cabeça.

Tem vontade de comandar mais um programa, além do Globo Esporte?
Eu acho que o Globo Esporte já suga 120% da minha vida, não preciso de mais nada. Eu tenho vontade de sair de férias (risos). É verdade! Meu único objetivo é chegar setembro e sair do Brasil. Vou para os Estados Unidos e assistirei ao US Open de tênis. Futebol, nem pensar!

O que gosta de fazer quando está com tempo livre?
Eu jogo muito videogame e sou bom! (risos) Também adoro ver televisão, começo a ver algo e anoto uma ideia. Engraçado que nunca tive vontade de ser jogador, sempre soube da minha limitação.

O trabalho em excesso não prejudica seu namoro de cinco anos com a jornalista Amanda Foschini, 25?
Ela pegou birra de futebol, tem dias que me chama para sair e não posso por causa das partidas. Queremos casar até o fim do ano que vem, mas a vida no Globo Esporte é dura. O tempo para ver apartamento ou bufê só aparece nas férias. Não podemos cravar uma data, só sei que não pode cair na época do Brasileirão, da Libertadores...(risos).

Como você é longe das câmeras?
Eu sou supertímido e quieto. Nunca vão me ver de mau humor e não gosto de chamar atenção. Quando estou na TV apresentando, tudo bem. Fora da telinha, sou disperso e procuro ir a lugares onde já sou conhecido, assim não fico constrangido. Quando estou comendo sozinho, as pessoas me encaram (risos). Eu não como mais espaguete, porque sei que vou errar. Sei que alguém está olhando e penso: “Vou babar” (risos). Você fica no dilema, será que posso cortar o macarrão com todos me olhando? Cheguei a conclusão: só como penne (mais risos).

Você é filho de Gilberto Leifert, 59, diretor de Relações com o Mercado, da Globo. Alguma vez o parentesco já atrapalhou?
Isso atrapalha! É o reflexo natural das pessoas acharem que estou aqui por causa do meu pai. No começo, foi pior e sofri bastante preconceito. Ele não me ajudou a entrar na Globo, mas tenho uma vantagem, porque conheço a empresa bem. Em São Paulo, conheço até os motoristas. Todos já me levaram à escola. Eu ia à plateia do Serginho Groisman e do Jô Soares. Sempregostei de televisão e minha família me apoiou quando decidi seguir a carreira. Eu fiz tudo o que é jogo ruim do planeta antes de apresentar um programa. Nem minha mãe me assistia (risos).


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