sábado, 3 de julho de 2010

Entrevista com Maria Adelaide Amaral, a autora da 2ª versão de Ti Ti Ti


Dois sucessos em um. Partindo desta premissa, Maria Adelaide Amaral escreve a nova novela das sete. O roteiro é baseado em clássicos da dramaturgia brasileira da década de 1980: Ti-ti-ti, também título do atual remake, e Plumas e Paetês – ambas escritas por Cassiano Gabus Mendes.

O encontro das duas tramas acontece em diferentes núcleos, entre eles, o da revista Moda Brasil, comandada pela jornalista Suzana (Malu Mader). A redação é um dos cenários responsáveis por unir histórias até então desconexas, mas que se entrelaçam na Ti-ti-ti do século XXI. O resultado da mistura traz de volta às telas personagens antológicos como os estilistas Jacques Leclair (Alexandre Borges) e Victor Valentim (Murilo Benício).

O enredo é temperado por questões contemporâneas, como consumismo e bulimia, e outras que nunca saem de moda, entre elas, intrigas, suspense, mentiras e, é claro, muito humor. Confira abaixo entrevista com a autora da trama, Maria Adelaide Amaral.

Como iniciou o projeto de juntar esses dois sucessos da dramaturgia brasileira?

“Há três anos, quando me pediram que fizesse uma novela, eu disse que a única que teria vontade de fazer seria um remake de Ti-ti-ti com Plumas e Paetês, porque as duas tratavam do universo da moda.”

A novela é uma maneira de homenagear Cassiano Gabus Mendes. Por que homenageá-lo neste momento?

“Ti-ti-ti foi uma das novelas mais divertidas de que tenho lembrança e porque seu autor é Cassiano Gabus Mendes. Ele me levou para a televisão em 1990 para escrever com ele Meu Bem Meu Mal. Cassiano escreveu algumas das mais notáveis novelas das sete e merece ser homenageado sempre.”

Apesar de unir duas tramas, o nome escolhido para a novela é Ti-ti-ti? Por que não um terceiro nome?

“Na verdade, só vamos usar duas tramas de Plumas e Paetês. Em princípio pensamos em ‘Plumas e Ti-ti-ti’, mas a viúva do Cassiano (Gabus Mendes) bateu o martelo e nos aconselhou a usar Ti-ti-ti.”

As características originais dos personagens serão preservadas ou modificadas?

“Na versão original, Jacques Leclair e Victor Valentim tinham seus ateliers nos jardins e atendiam a alta sociedade. No remake, o ateliê de Jacques Leclair fica no Jardim Anália Franco, no Tatuapé, e ele atende as emergentes da Zona Leste. O sonho dele, porém, é ter uma loja na Oscar Freire e chegar ao São Paulo Fashion Week.

Valentim, que deseja ser tão bem sucedido com seu inimigo de infância, Leclair, já abre seu ateliê nos Jardins e ambos entrarão numa disputa acirrada para vestir socialites e celebridades. No original, Jacques Leclair é um nome consolidado.

No remake, é um estilista de gosto duvidoso, que se beneficia do talento de Jaqueline (Cláudia Raia) para fazer seu up-grade. Ou seja, seus modelos tinham um bom corte, mas informações demais. Retirados os excessos, suas criações ganham em bom gosto e revelam sua essencialidade. Nesse momento seu estilo é um mix de Calvin Klein e Armani. Já Victor Valentim, que se inspira nos vestidos de boneca feitos por uma senhora que na verdade é a mãe de Jacques Leclair – desaparecida e desmemoriada -, apresenta-se com um estilo inspirado nos anos 50, mix de Dior, Nina Ricci e Balenciaga.

Quais são os pontos de encontro entre as duas novelas?

“Eles acontecem na (revista) Moda Brasil, na casa do proprietário da editora, na agência de modelos, no apartamento das modelos e na fábrica de Rebeca (Christiane Torloni).”

As duas novelas foram exibidas na década de 80. Neste remake, há uma atualização da história de acordo com a realidade do século XXI?

“Quando Cassiano Gabus Mendes escreveu Ti-ti-ti, a moda em São Paulo gravitava em torno de dois costureiros: Denner e Clodovil. Mas o universo da moda mudou tanto, que nem se usa mais a palavra costureiro, e sim estilista. Também nos anos 90 houve uma massificação e democratização na moda brasileira e os criadores voltaram-se preferencialmente para o Pret-à-porter (pronto para vestir). Por sugestão de Glorinha Kalil (especialista em moda), e para manter acesa a competição entre Jacques Leclair e Victor Valentim, resolvemos situá-los no segmento de vestidos de festa, noivas e madrinhas, que não conhece crise.”

Fonte: Site oficial de “TiTiTi”

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