Dani Calabresa e Bento Ribeiro no Furo MTV

A CONTIGO! convidou os VJs Bento Ribeiro e Dani Calabresa, apresentadores do Furo MTV, para um café na padaria Real, colada à MTV, onde todos os VJ´s matam a fome. Durante a conversa, Bento mandou dois pães de queijo, uma coca zero, um café expresso e uns cigarrinhos, enquanto Dani passou o tempo com uma tônica citrus.

De frente para os olhos puxadinhos do ator Bento Ribeiro e do seu estilo geniozinho low profile, fica fácil entender seu carisma. A Dani, diferente do que ela mesma propaga em tom de piada, é uma mulher linda. Sorte do Marcelo Adnet, seu esposo. Magra, sim, magérrima, a comediante tem o olhar doce e por diversos momentos compenetrado e sério, logo quebrado, é claro, por alguma tiradinha do mulherão.

De minissaia e regatinha, Dani se preocupa em não destoar do figurino do amigo. ''Ai Bento, eu aqui de minissaia e você com essa blusa de frio? Tira esse casaco, vai ficar mais cítrico'', cutucou em referência à cor verde limão da camiseta dele. Em perfeita sintonia, Bento não hesitou e atendeu ao pedido, melhorando, de fato, o visual. A boa relação dos dois vai além do trabalho. Eles se divertem como bons camaradas e fazem passeios bobos juntos, como ir ao shopping, por exemplo. Pelo bate-papo deu para entender o sucesso da parceria: foi amor à primeira vista.

Como é trabalhar com a liberdade que a MTV oferece?

Dani Calabresa: A melhor coisa da MTV é isso. Poder fazer um trabalho autoral. Às vezes a gente fala um palavrão muito pesado e alguém diz: 'Bosta' não pode, mas 'merda' pode. Em televisão nenhuma a gente ia poder falar isso.
Bento Ribeiro: Mas o nosso programa, na verdade, é de humor que tem como pano de fundo as notícias. Como o filme Titanic é uma história de amor que tem um barco afundando.
Dani: Para humor é muito importante ter liberdade de criar e enlouquecer. Senão alguém te dá um texto e fala: 'você tem que fazer isso e seu bordão é esse'. Você pode não achar graça, mas tem que fazer. Na MTV, não há direção do ator, tem direção do programa. Eles não moldam a gente, e eles chamaram dois loucos.
Bento: Só às vezes eles falam: 'Acorda Bento. Acorda ai, ô'.
Dani: É por isso que rola tão legal. Se as pessoas dessem uma piada mastigada pra sua boca ou pra minha, que não é da nossa personalidade, que não é uma tirada que a gente teria, não ia soar tão espontâneo.
Bento: O Furo não é o tipo de programa que você lança e tem certeza que vai ser dar supercerto porque depende da química. É tipo um acidente. È uma união do momento, da galera, da química que dá certo.
Dani: Parece que a gente é amigo há muitos anos. Eu sinto isso. Ele não, ele me odeia.
Bento: A gente se adora. A gente se dá superbem, não tem viagem de ego, essas coisas.

Diferente do Pânico. Lá, a Dani tinha que ser engraçada naquela situação criada...

Dani: Que funciona também. Eu sou atriz comediante. Eu faço personagens, sigo textos, mas eu gosto muito mais de escrever. Quando eu faço stand-up, crio meus textos. Tenho tiradas sem graça ou bobas, mas eu assumo isso. Tenho o tempo todo e o Bento também. Nós dois somos máquinas de dar tiradinhas. A gente não faz o tipo 'aqui a gente não fala merda e no programa sim'. A gente é exatamente igual. Não é personagem.
Bento: Claro que a gente exagera um pouco a nossa personalidade.
Dani: Mas temos liberdade. Aqui pode ser louco.
Bento: Temos energias diferentes, mas a gente pensa parecido.

É que ela entende as suas piadas e você entende as dela...

Bento: É.
Dani: Finge que entende na frente das pessoas.

No programa, quanto é de improviso e quanto é de roteiro?

Bento: Tem os dois, mas seguimos um roteiro.
Dani: Fazemos nossos comentários em cima do roteiro. Tem umas propostas dos roteiristas, mas se a gente não quer, não faz. A gente dá a notícia e improvisa.

Principalmente o Bento que de repente pula da cadeira ou cai um negócio na cabeça dele...

Bento: Chego aqui e tudo é tão simples. Digo que vi uma parada, que vi uma tal coisa e queria fazer. Eles topam acreditando que vai ser maneiro.
Dani: O Bento é mais ousado. As propostas mais legais são as dele. Outro dia ele queria um negócio pra esguichar vômito e não conseguiu. Aí ele foi pegar creme na maquiagem, tentou dar uma improvisada.

Vocês são duas pessoas criativas que devem ter dias ruins também...

Dani: Tem dia que a gente está horrível.
Bento: Todo dia é esse dia para mim (arrancando gargalhadas de todos). Tô brincando. Programa diário tem que ganhar no carisma com as pessoas. Porque nem sempre o programa é realmente hilário. Igual o Letterman não é todo dia, o Jô Soares não é todo dia. As pessoas gostam porque já sabem como é.
Dani: Assumimos as tosquices que fazemos. A gente não paga de gostoso na bancada, do tipo 'olha, a gente vai mostrar quem se ferrou nesta semana'. A gente fala, 'olha, quebrou o nosso', 'olha, a gente tá com o dente sujo'.
Bento: Isso é negócio do stand-up, onde você é o próprio alvo.

O Bento tem um humor escatológico e taradinho...

Dani: Tem.
Bento: Tenho humor tarado e o escatológico... mas vai, fala aí.

Que foi Bento, ficou sem graça?

Bento: Não. São coisas que eu acho engraçado, que chocam. Às vezes o choque é engraçado, é a surpresa do inesperado. A parada vai para um rumo que você não esperava, pro nonsense. Gosto de Monty Python, Saturday Night Live, Uma Família da Pesada. A gente só não tem os recursos pra concretizar tudo que a gente pensa.
Dani: Só temos caneta e bexiga no estúdio.
Bento: Mas a gente tenta sempre inventar alguma coisa pra dar um charme, né. Não vejo como escatológico, eu vejo como engraçado. É tipo flertar com o politicamente incorreto, mas não ser muito, entendeu? Gosto de dar esses tons de questionamento. É uma brincadeira na verdade.

E você ficou conhecido como o bonito da novela...

Bento: Mas tinham tantos outros caras.

Falei que vinha falar com vocês e ouvi ''manda meu telefone pro Bento''.

Bento: Cadê, cadê? Tô brincando, mas é sério, depois a gente fala. Não, não, tô brincando (risos).

Às vezes a Dani fala que é rechonchuda, mas te vi no Jô soares, no VMB, estou te vendo agora e você é supermagrinha. Por que você fala isso?

Dani: Emagreci. Perdi 10 ou 12 quilos de um ano e meio pra cá. Sem querer, de tanto trabalhar e viajar. Fiz um stand-up disso. Usava isso como comédia e funciona muito, porque toda mulher acha que está acima do peso. Quando você conta que ficou três dias sem comer doce e depois engoliu uma caixa de bombom, elas se identificam. É muito melhor do que dar uma de gostosa e ficar falando: 'olha a barriguinha da Preta Gil'. Acho isso nojento, entendeu? Não me esforço para ser uma mulher perfeita e não é o que eu aponto nas pessoas. Prefiro apontar em mim. Estou feliz com o meu peso. Hoje em dia pra ser bonita tem que ser magra. É uma exigência do mundo e dos homens. Mulher gorda se ferra. Para ser comediante ou você é gostosa pra ficar pelada no Zorra ou você é gorda horrenda e faz a Dona Bela ou alguma coisa do tipo. Se você está no meio termo e não é linda de morrer, é gorda.
Bento: Mas você não está nem perto de gorda.
Dani: Mas você não é público que me judia.
Bento: Isso é neurose.

Antes de vir para cá, ouvi um garoto falando assim: 'A Dani Calabresa é engraçada porque imita a Hebe'.

Dani: Eu não imito a Hebe. Eu acho que a pessoa não tá assistindo ao programa certo. Tá me confundindo com a Cristiane Pelajo. Acho que está vendo outro programa. Meus fãs, muito obrigada pelo carinho. Só liguem no canal certo. 'Sem a Dani o GNT ia se ferrar.'
Bento: O Saia-Justa não ia ser a mesma coisa.

Mas ele emendou, dizendo que era porque você puxa muito o 'R'.

Dani: Pode ser, ela puxa também? É engraçado, ele deve achar que meu jeito de falar é de tia velha. Tipo a Nair Belo. Pra você ver como eu estou bem, né. Trabalhar num telessexo, 'Alô Dercy' (risos).

Você é esposa do Marcelo Adnet e trabalha com o Bento. É mais fácil trabalhar com amigo ou com namorado?

Bento: Com amigo, é claro (interrompe).
Dani: É fácil, o que fica difícil é que a gente não consegue se ver como marido e mulher. Quando nos encontramos no trabalho, damos um beijinho e já pensamos em passar o texto. Às vezes quero que acabe logo pra gente ir embora e fazer alguma coisa. Mas tem o lado bom porque criamos juntos, damos pitacos nos textos um do outro e não nos ofendemos com as críticas. Não fico chateada quando ele não acha graça. Ele me dá uma sugestão e vejo se aceito ou não. Acho que eu sou meio menino pra isso. Porque mulher chora se o cara falar que não tem graça. 'Você não achou graça no que eu fiz' (falou choramingando).
Bento: Comigo é a mesma coisa.
Dani: É que eu te adoro muito.

É porque vocês confiam no humor um do outro.

Bento: Se eu tô um bagaço, confio que a Dani vai levar.
Dani: Eu também.
Bento: Às vezes a gente chega aqui...
Dani: Tomando soro, né?
Bento: Mas quando entra ali, agimos naturalmente.

Bento, se te chamassem para fazer uma novela, você sairia da MTV?

Bento: Amanhã.
Dani: Mentira, meto a mão na tua cara. Não sou mais sua amiga, então.
Bento: Não, imagina. Tenho que dar graças a Deus ter caído numa parada maneira. Ali, ia demorar anos, ia fazer o playboy, o peão, garimpar, ir a milhares de programas.
Dani: E eu ia ser a empregada ou a amiga cafona da protagonista.
Bento: Agora não dá pra saber, daqui pra frente não dá pra saber o que acontecerá. Eu fui uma aposta da MTV.